quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ai Belzebu, bora ser diferentes!

Eu não sou esquisito. Mas, por vezes, sou picuinhas ou comichoso. Gosto disto, não gosto daquilo, tolero algumas coisas, odeio muitas coisas. Tenho algumas preferências clubísticas, alguns gostos musicais, alguns gostos fílmicos e literários. Gosto de cenas que pouca gente gosta e odeio alguns sucessos de bilheteira. Bem, no fundo, todos somos um pouco assim.

E é curioso. Não sou psicólogo nem nada que se pareça. Observação escusada, até. Porém, seria idiota dizê-lo sem um sentido. Não percebo muito de pessoas, mas não há pessoas iguais. É impossível traçar um perfil igual a outro. Sou moreno, oiço José Cid e gosto dos filmes do Tarantino. Mas nem todos os ouvintes de Cid gostam de Tarantino, ou vice-versa.

Afinal, o que é cultura? Cultura literária, cultura fílmica, cultura musical... cultura. Quem decide o que é cultura? Serei anti-cultura portuguesa se não gostar de Saramago? E há muito que digo que se enganaram no prémio. Um serralheiro mecânico ganhou um prémio nobel da literatura, enfim. Até o Ministério da Cultura fecharam e abriram um gabinetezito num vão de uma escada para tratar do cultivo dessa coisa. Autores, músicos, realizadores, actores. Que classe é essa? Será Morangos com Açúcar, um sucesso de bilheteira, o melhor filme português de todos os tempos? Será Tony Carreira o porta-estandarte da música portuguesa? Será tudo o que é português mau? Concordo com tudo e ainda discordo muito mais. As nossas diferenças fazem com que não sejamos todos iguais.

E por isso não troco um concerto de José Cid por um concerto dos Pearl Jam nem tão pouco um livro sobre futebol por um best-seller do Dan Brown. Ainda bem que posso escolher. Agora está na moda ver reality shows vazios de cultura, e todas as semanas batem recordes de audiências. Eu vejo, às vezes, e não tenho vergonha de o dizer. Riu-me daquelas palhaçadas, aprecio as jeitosas que se passeiam em trajes menores, faço piadas com eles e uso frases no meu dia-a-dia. Se calhar, como disse em tempos um professor que tive, "vejo... para descultivar o cérebro". Também deve fazer falta. Até a terra, quando não descansa, deixa de ser produtiva. É isso mesmo que vou fazer. Vou ligar a tv e descultivar um pouco o cérebro.

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