quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Efeito bola de neve


Nunca vi neve, já vi gelo ou algo parecido com neve mas neve a sério, como se vê nos filmes, nunca vi. Talvez porque venha do Algarve, conhecido pelo calor e praias, talvez por viajar pouco ou nada, talvez por não gostar do frio. O facto é: nunca vi neve. Mas é como se visse neve todos os dias, ou pelo menos estou metido numa grande bola de neve.

Li há pouco que vão fechar mais 15 salas de cinema no Algarve, nove na Guia e seis em Portimão. Isto no dia seguinte a ter ido ver o novo filme de Tarantino ao cinema e ter encontrado uma sala a meio gás, mesmo com os descontos de segunda-feira. Isto depois de já ter lido que o número de espectadores diminuiu em 2012. Isto depois de ter visto que o filme Morangos com Açúcar teve um sucesso do camandro. Isto depois de ter visto que os bilhetes de cinema aumentaram de preço a velocidade vertiginosa nas últimos anos. Isto depois de ver que o IVA na cultura subiu à bruta. 

Conclusão: este país destrói-se a si próprio, destrói a sua identidade, vende-se ao preço da uva mijona, compra tudo o que é estrangeiro, apoia tudo o que é vergonhoso, expulsa os inteligentes e corajosos.

Os Globos de Ouro portugueses e outros prémios nacionais são uma ofensa à cultura. Não me apetece divagar sobre os vencedores, gosto de ir ao fundo da questão e indagar-me contra a sua nomeação. Lá fora, temos realizadores, filmes e actores portugueses que são galardoados em vários festivais, cujo valor junto da indústria cinematográfica é enorme. Mas de que importa isso para nós? Afinal de contas, são portugueses. 

A cultura está cara, os espectadores pensam duas vezes antes de ir e tentam escolher algo que sabem que vão gostar. E o efeito bola de neve está para durar. 

Hipoteticamente falando, eu ganhava X e conseguia ir várias vezes ao cinema, ao teatro, ao futebol, comprava jornais e revistas, comprava livros, tinha um bom telemóvel e roupa de marca. O Estado lembra-se a tirar-me uma bela fatia do ordenado e começo a cortar em algumas coisas que gosto de fazer. Como se não bastasse, tudo aumenta de preço. Para melhorar, aumentam os serviços, a água, o gás, a electricidade, os transportes, as idas ao médico, o preço do combustível, e vou cortando no uso que dou ao dinheiro. Mas o pão e as compras no supermercado também aumentam e eu passo a comprar produtos mais baratos e em menores quantidades. Antes ia almoçar fora todos os dias e bebia um refrigerante mas sinto o bolso mais apertado e vou só uma vez por semana. No café onde almoçava o dono queixa-se que os produtos que compra estão mais caros, tem de pagar mais impostos sobre o que vende, tem de pagar mais pelas contas de utilização do espaço, é obrigado a aumentar uns míseros cêntimos no que vende mas a clientela está falida e nota o aumento, deixando de ir com tanta frequência. Tudo fica mais caro e a carteira mais curta. Perco dinheiro, perco qualidade de vida, e nem o "desenrascanço" de português me tira do sufoco ao fim do mês. E a bola de neve vai crescendo e parece que neste momento só tenho neve na carteira. O que me vale é que estou a falar no "hipoteticamente"...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Há coisas que magoam

As palavras magoam, os gestos magoam, um pontapé no meio das pernas aleija para caraças e entalar certas partes do nosso corpo no fecho éclair pode deixar o mais valente dos homens a desejar que a sua vida acabe. Hoje, ia quase entalando certa parte do meu corpo no fecho das calças e fiquei a suar só de ver a proximidade. Estive a escassos nano-milímetros e a um nano-segundo de chorar que nem um pequeno petiz a quem dizem que já não há tarte de natas e que o Pai Natal morreu num acidente de trenó porque o Rodolfo não respeitou um STOP e foi abalroado por um Boeing 747.

Pronto, já passou, já posso voltar a respirar normalmente e com a certeza de que, até à próxima ida à toilette, estarei em segurança. Não me consigo habituar àquilo de calças com botões, dá uma enorme trabalheira e às vezes uma pessoa está mesmo aflita e há aquele último botão que só desarma se tivermos grande mestria e precisão para o fazer saltar do aconchego, sem falar que os botões criam ali um enchumaço que as raparigas ficam a pensar que somos todos descendentes do Kid Bengala. A vida continua e a semana ainda mal começou.

Eu tinha uma boa ideia para este texto mas, visto que o nível da conversa está abaixo da cintura (no caso do Kid Bengala ou está no chão ou no pescoço porque a "régua" não se acomoda em ficar abaixo da cintura), vou-me deixar de boas ideias. Quem sabe, logo publico algo interessante ao final da tarde ou amanhã.

Deixo apenas um conselho, principalmente para os mais jovens: levantar o tampo da sanita, abrir a braguilha (seja de botões ou fecho convém abrir), processo de aliviação, sacudidela, e agora muito importante - recolha, e fecho da comporta. Todos os dias, de preferência várias vezes ao dia para que o sistema funcione em condições. Para os jovens que não conhecem o Kid Bengala tenho uma dica: se a tua mãe costuma usar o mesmo computador que tu - elimina o histórico da Internet após pesquisares pelo senhor... Boa semana amigos!

sábado, 26 de janeiro de 2013

Rúben Faria, novo herói nacional (por breves instantes)

Rúben Faria, 38 anos, algarvio (cada vez sou mais orgulhoso por ter nascido neste Reino), piloto de motos, vice-campeão do Dakar2013.

Facto: a missão dele era ajudar Cyril Despres a vencer o seu quinto Dakar - missão cumprida.
Facto: liderou o Dakar e "perdeu" a liderança para o francês - profissionalismo.
Facto: queria terminar no top 5 - ficou em 2.º.
Facto: tivemos quatro pilotos portugueses no top 10 - em equipas estrangeiras com patrocinadores estrangeiros.
Facto: à chegada a Portugal todos os jornalistas conheciam Rúben Faria e estavam fãs à sua espera no aeroporto - à partida ninguém fez alaridos e só Hélder Rodrigues interessava.

Rúben Faria (11) ao lado de Despres (1).
Quando saí da Universidade tinha uma visão diferente de muitas coisas no mundo, uma visão mais elaborada, mais atenta, mais picuinhas. Passei a tomar mais atenção aos detalhes e aos pormenores, deixei de ter uma visão ingénua sobre o que acontece à minha volta. No desporto, esse mundo que tanto adoro, comecei a reparar em coisas insignificantes como a expressão dos desportistas, os movimentos, as suas acções, as suas decisões. Consigo adivinhar lances ou jogadas durante o desenrolar das mesmas. Ainda não consigo prever o futuro mas decerto que há seis anos atrás tinha um olhar diferente sobre as coisas. E também passei a reparar no público. Nos estádios de futebol, para puxar o exemplo mais típico do povo português, existem adeptos e grupos de adeptos ou claques que puxam pelas equipas e pelos seus ídolos (ou que simplesmente chamam nomes e insultam os árbitros mas isso agora não interessa). Porém, enquanto que em Inglaterra e na Alemanha, pelo que vejo na televisão por cabo, os adeptos puxam pelas equipas do início ao fim, em Portugal são as equipas que puxam pelos adeptos. Se a equipa está a jogar mal os adeptos adormecem mas se a equipa faz uma jogada fantástica ou marca um golo, o estádio ganha vida, um imenso ruído torna o ambiente fantástico e durante uns segundos parece que estamos a viver o jogo, depois tudo volta a acalmar.

Com o Rúben aconteceu a mesma coisa. Era apenas mais um a caminho da América do Sul mas a sua magnífica prestação cativou os olhos da imprensa e de um país, somou pódios, liderou a prova-rainha de todo-o-terreno e terminou na melhor classificação de um português na prova. À chegada a Portugal era o maior! Aproveitou para mostrar a sua humildade, ao dizer que a sua missão sempre foi ajudar o seu companheiro e que se fosse preciso parar para que Despres ganhasse, ele parava e cedia a vitória, e para deixar uma pequena mensagem ao país "três pilotos de motos no top 10 e nenhum patrocinador português". Como te percebo bem compatriota, como te percebo bem. Esta semana foi um herói, candidato a maior figura do desporto nacional, esteve naqueles quadradinhos das capas dos jornais que costumam ser dedicados aos filhos que dão tiros de caçadeira nos pais, 15 minutos de merecida fama e o público vai deixar de puxar por ele até que ele volte a puxar pelo público. Triste sina esta de nascer português. Mas o desporto motorizado português está bom e recomenda-se! Miguel Oliveira, no Moto GP, e Félix da Costa, na Fórmula 1, são as promessas que se seguem, atentem no que vos digo! Bom fim-de-semana amigos!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Criar crocodilos é o negócio do futuro

Ontem foi notícia que "fugiram 15 mil crocodilos de uma quinta dedicada à criação daqueles animais na África do Sul"... (pausa) 15 mil crocodilos, quinta, criação... Já tinha ouvido falar em criação de gado, de pintos, de aves exótivas, de abelhas, mas criação de crocodilos?

Quem é que cria crocodilos e porquê? A sério, gostava de conhecer a quinta e o dono. Isto faz-me pensar (sim, grande parte do meu dia é passado a pensar nestes assuntos cujo conteúdo de interesse ronda o nulo negativo). "Some day, and that may never come", citando o grande Don Vito Corleone, gostava de criar alguma coisa. Não digo uma criação de crocodilos porque não percebo muito de crocodilos. Digamos que os meus conhecimentos de crocodilos derivam um pouco em redor do Peter Pan e dos domingos à hora de almoço no National Geographic em que os crocodilos fazem sempre o papel de maus e comem antílopes e zebras. Nem quero imaginar a despesa que teria a alimentar comedores de herbívoros de 200 a 300kg. Será que tinha de criar também zebras e antílopes para alimentar os crocodilos? No supermercado onde compro comida para o meu gato nunca vi comida para crocodilos, teria de mandar vir do ebay? Era preciso ter um lago ou um pântano para criar crocodilos? Se tivesse um rio a passar na minha quinta eles podiam fugir e seria aborrecido. Os crocodilos levam vacinas? O veterinário que vacinou o meu gato era gordinho e baixinho e parecia um bocado cobarde, aliás, antes de sedar o gato ainda foi atacado duas vezes e escondeu-se atrás do sofá a chorar enquanto eu segurava calmamente o gatinho, duvido que ele vacine crocodilos. Mas eu não iria querer criar crocodilos doentes. E tinha de contratar alguém para dar banho e puxar o lustro às escamas, os meus bichinhos tinham de estar bonitos e lustrosos. Curiosamente nunca vi anúncios a pedir puxadores de lustro de reptéis. É uma área para investir.

"O Xiquinho no dia do seu baptizado, antes de vestir o fato e comer o caniche da vizinha. Sempre a sorrir para a fotografia."
E agora, de forma genial, acabei de ter uma ideia para um negócio. Vou abrir uma quinta para criar crocodilos! Aliás, várias quintas, uma para aligatores, outra para caimões, outra para jacarés, outra para gaviais. Depois abria uma escola de tratadores de crocodilos e no primeiro ano de curso as aulas práticas seriam na quinta dos pequenos caimões, que parecem ser os bebés-crocodilo mais fofinhos e estão sempre a sorrir com os olhos a brilhar na direcção dos antílopes. E os alunos mal comportados iam de castigo para a jaula dos aligatores adultos. Posso até criar um parque de diversões com passeios no lago para ver os crocodilos, na minha terra dão passeios no mar para ver os golfinhos e os turistas adoram aquilo, tudo o que mete passeio, água e animais, os turistas deliram. Até podem tirar fotos com os crocodilos e fazer festinhas, no Zoomarine as crianças pelam-se por fazer festinhas aos golfinhos. Dá para fazer festas de aniversários temáticas. Os crocodilos camuflam-se e as crianças têm de ir caçá-los. A última criança viva ou aquela que tiver mais membros ganha um gelado. Vai ser um espectáculo!

Estas modas sociais...

As redes sociais e esse mundo que há-de ser eternamente recente, essa coisa de Internet, não deviam estar ao alcance de todos. Para criar uma rede social, para além de idade mínima e conta de e-mail, devia ser requerido aos candidatos que preenchessem um pequeno questionário ou teste de QI.

Ora vejam, depois do planking, do milking e de muitas outras coisas maradas, dizem que agora está na moda tirar fotografias na neve... todos pelados. Eu até nem sou contra a ideia de ver miúdas de corpos esbeltos na neve em trajes menores ou sem trajes mas não acho que seja boa ideia isso virar moda. Pela mesma razão que eu não vou a colónias de nudistas. Fui uma vez, é verdade, mas correu mal. Ao fim de dois dias a ver mulheres nuas a toda a hora, bonitas e feias, comecei a fartar-me da situação. Não me interpretem mal, já voltei a gostar de ver mulheres peladas mas na altura ficava mais excitado com uma muçulmana de burka do que com uma top model pelada. E a ver gente pelada na neve vai tirar a piada a ver, efectivamente, miúdas de corpos esbeltos na neve em trajes menores.

in cmjornal.xl.pt
Contudo, estas modas deixam-me preocupado e as redes sociais são um templo das modas, das invejas, dos copianços. Se os meus amigos gostam disto, também vou gostar disto, se eles fazem isto, também quero fazer isto, se eles vão de férias para uma praia paradisíaca eu quero ir de férias para uma praia ainda mais paradisíaca. Acredito que algumas modas sejam giras e que algumas ideias contribuam para uma enorme paródia mas fico reticente quando penso na moda duck face ou até no planking. E na neve deve fazer um frio desmandado que aquilo mirra tudo. Que diachos, vou ver se aproveito o fim-de-semana para dar um saltinho à Serra da Estrela para tirar umas fotos pelado na neve ou, se não houver neve por lá, aproveito uma viagem aérea low cost, que a vida não anda para grandes luxos, e viajo até um sítio qualquer onde haja neve por menos de 10 euritos. Só espero que nada congele com o frio que eu venho dos Algarves e estou mais habituado a ver gente pelada ao calor...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Meia volta na distrital algarvia


Disse, há umas semanas, que tinha sido convidado para escrever umas linhas sobre futebol no Algarve. Aqui fica o resultado, publicado online no site www.litoralgarve.com.


"Metade do campeonato volvido, altura de análises e balanços, momento de apontar as surpresas e as desilusões, tempo de lançar os búzios e tentar adivinhar quem vai ser campeão no final da outra metade. Com pena disse adeus à 2.ª distrital mas com grande vontade disse olá à "Distrital".

Posto isto, permitam-me que divida este texto também em duas metades. Primeiro: a situação financeira do país levou ao desaparecimento de vários emblemas e obriga a novas ginásticas por parte das direcções. Segundo: com tristeza vejo a tabela classificativa tão estratificada.

Crise, crise e mais crise. Dívidas, falta de dinheiro, austeridade, fim de subsídios, adeus Estado amigo. Tenho pena que vários emblemas tenham desaparecido mas a situação já se andava a arrastar há alguns anos e o fim, de alguns, era inevitável. Muitos clubes e associações persistem à conta das autarquias, do Estado. Meus amigos, o Estado está falido e esse modelo morreu há muitos anos. Ainda existem autarquias que conseguem resistir e continuam a alimentar clubes, claro que existem, mas na sua maioria este modelo tende a extinguir-se a si próprio. Tenho pena pelos jovens, sempre eles os mais afectados, que perdem referências desportivas na sua terra. E o facto de jogarem bem ou mal é um mero dado estatístico, em campo estavam mais que 11 jogadores, estava uma aldeia, uma vila, uma freguesia, um município, várias famílias e uma paixão. É preciso que as gentes da terra se unam para combater o fim do desporto regional. Patrocinadores, marketing, redes sociais, sponsoring, essas palavras esquisitas têm de ser amigas para que o futuro seja possível. Há 10 anos era frequente ver na camisola das várias equipas, de futebol e não só, a letras grandes e todas pimponas "Câmara Municipal" ou "Município". Maior e, em largos casos, único apoio dos clubes. É urgente que o comércio local, as pessoas de posses e os empresários que investem no Algarve apoiem o desporto regional. Contudo, ninguém no seu perfeito juízo investe dinheiro sem retorno, excepto o Estado. E aí está um dos maiores obstáculos dos clubes para os próximos anos: convencer aqueles que podem apoiar. "Porque vou eu investir dinheiro num clube? O que ganho com isso?" Duas perguntas mágicas às quais é preciso responder para sobreviver neste século XXI. Mais do que resultados desportivos, as empresas procuram um retorno, pretendem ter mais clientes, facturar mais, trabalhar mais. Se o supermercado A patrocina o clube da terra e o supermercado B não, de certeza que umas poucas pessoas vão optar por fazer compras no supermercado A.

Em termos futebolísticos, existem, infelizmente, dois grupos bem distintos na classificação. Na metade superior estão as equipas que militavam na 1.ª distrital no ano transacto, na metade inferior estão as equipas da 2.ª distrital mais o Alvorense, último da 1.ª. Estou desiludido porque esperava mais de certas equipas. O Aljezurense, por exemplo, campeão sem derrotas da 2.ª, soma apenas quatro pontos em casa, depois de ter estado ano e meio sem sofrer derrotas no seu reduto. Também o Ferreiras me desiludiu com o seu fraco início de época. Pela positiva tenho de elogiar o trabalho do Moncarapachense e Culatrense, com várias caras novas conseguiram criar um grupo para lutar, quem sabe, pela subida. O desaparecimento de certas equipas levou a que vários jogadores procurassem novas aventuras e algumas equipas conseguiram reforçar-se bem. Temos muitos jovens a despontar e é com alegria que vejo quatro equipas na luta pela subida, separadas por apenas seis pontos. Resta saber quem acredita ter condições, financeiramente e a nível de estruturas, para disputar a 2.ª Divisão Nacional. Penso que o Imortal ainda irá subir na classificação mas continuo a ver no Ferreiras o principal candidato. Depois de ter deixado escapar a subida o ano passado, Ricardo Moura parece orientar a melhor formação da distrital. Já faltam menos de cinco meses para sabermos as respostas a todas as perguntas. Venha daí a segunda volta, com muitos golos e emoção!"

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Não me atirem pornografia à cara

Sexo, pornografia, erotismo... não sou eu que digo, é o sítio do jornal mais vendido em Portugal que me atira isso à cara. O que é bom, eu até sou apreciador desse desporto, mas é mau porque uma pessoa abre o sítio para ver as notícias da actualidade e o chefe nessa altura decide passar por trás de nós e fica de queixo no chão. Aconteceu esta tarde.

Esculturas sexuais na Coreia do Sul, poses sensuais de modelos desconhecidas, publicidade erótica na Catalunha, uma educadora francesa que se enganou no filme a mostrar aos catraios... E claro, a nossa Erica Fontes também merece destaque

Para quem não se apercebeu, a portuguesa Erica Fontes venceu o prémio de melhor actriz internacional pela XBIZ, uma espécie de Oscar pornográfico. A jovem, que chocou os "velhos do Restelo" há uns anos ao dizer que queria ser actriz pornográfica, provou que com muito trabalho, dedicação e prazer, é possível atingir os seus sonhos! Portugal, amigos meus, nunca tinha sido nada na área da pornografia mas graças à Erica, o Mundo sabe que nós existimos e que somos bons também neste desporto! Obrigado Erica pelo patriotismo e pelas boas prestações ao serviço da nossa bandeira, tu e o Sá Leão são o orgulho pornográfico deste país! E mais uma vez, a actriz portuguesa teve de emigrar para alcançar o seu sonho. Portugal continua a teimar em não aproveitar a matéria-prima aqui existente. Bons cientistas, físicos, informáticos, desportistas, actrizes pornográficas, escritores, mas continuamos a ser um país pequeno e acanhado. Mais um bonito exemplo de alguém que lutou pelo seu sonho e conseguiu triunfar, entre outras coisas.

PS: Achei por bem não colocar imagens a ilustrar este textinho mas, para os mais curiosos, guardei algumas numa pasta aqui no ambiente de trabalho e posso facultar-vos. E também tive a ver uns filmes da Erica, devo dizer-vos que se nota muita evolução na sua prestação ao longo dos anos. Boa noite amigos, vou ver novamente o "Diário de Maria".

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Marcas, também sou blogger

Revolto-me aqui, em primeira e segunda mão, contra aquela marca tecnológica asiática que andou por aí a fazer vídeos com bloggers sobre o que coiso e tal para 2013.

Também me posso auto-apelidar de blogger porque tenho um blogue. Porque razão não fui convidado?

Tenho um sotaque típico da minha região e sei usar expressões e palavras pouco conhecidas ou ridículas. Os leitores gostam disso (espero eu, porque é assim que me sinto mais confortável para desdenhar sobre a existência da vida neste espaço). Até posso desempenhar o papel que mais agradar à vossa marca. Querem um Marquês revoltado? Crítico? Bonacheiroso? Campónio? Citadino? Fútil? Com o QI de uma banana? Com o QI de um macaco que come bananas? Que diga várias vezes as palavras "cenas", "tipo", "coiso", "ya" e "anal"? Sou vários pelo preço de um, literalmente. E posso falar sobre tendências para 2013, sonhos e até previsões. Querem ver? Vejam só esta genialidade: - "Para 2013 quero um Audi mas o carro da moda vai ser o Renault Clio e vou continuar a conduzir o meu calhambeque". Abordei as três temáticas numa só frase, embrulhem! Entretanto, foi preciso conhecer a Pêpa para me lembrar que as taxas de tudo vão subir e que existe vida no mundo. Assim que toda a gente começou a meter "likes" à mala da rapariga, comecei a ver as outras coisas à volta, aquelas que realmente interessam qualquer coisa. Obrigado moça.

Fica aqui o meu apelo: marcas, marquinhas e marconas deste país, estou disponível para participar nos vossos vídeos, campanhas e afins. Podem desde já começar a enviar produtos para eu testar e analisar, estou a aceitar todo o tipo de ofertas e brindes. Escrevo sobre culinária, moda, sexualidade, filosofia, assuntos tabú e astrologia. Sou uma espécie de Maya mas com maminhas verdadeiras. Até breve.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ginásio, aqui vou eu

Vou para o ginásio, a maior associação desportiva da grande cidade. Não consigo correr no meio da cidade, é o barulho, a poluição. Correr no meio de prédios ou à beira de estradas é das coisas mais deprimentes que existe. E como não tenho condição física para ser desportista, vou render-me a esta moda citadina.

Na minha terra, podemos correr na praia, junto ao rio, em matas e pinhais, à frente dos cães da vizinhança. O ar é mais puro, podemos andar de bicicleta sem medo dos veículos motorizados. Nunca experimentei mas acho que até consigo correr todo descascado da minha casa até à praia e voltar. Lembro-me, de quando era catraio e passava as tardes a andar de bicicleta, por norma vestido. Pelo meio da cidade, pela baixa, ia de uma ponta à outra, vagueava à toa pelas ruas na companhia de amigos. Naquelas tardes de maior rebeldia, íamos fazer "downhill" para um penhasco em direcção à praia. As correntes ganiam pela montanha abaixo a velocidades estonteantes. Um dia, entrei a abrir numa rampa e falhei o salto - a bicicleta ficou a poucos metros de cair ao mar e eu ao lado, todo arranhado. Ainda me levantei, meio atordoado, e recordo-me de ter dito muito calmamente para o meu amigo "Eu estou bem", mas depois senti algo a escorrer pela testa, comecei a ver sangue e balbuciei "Chama uma ambulância". E ele chamou. Três pontos acima da testa e uma história para contar aos meus filhos daqui a uns anos. No dia a seguir lá fui eu para a escola com uma mecha sem cabelo acima da testa e vários pensos nos joelhos e cotovelos. Fiquei uns meses sem lá voltar...

E agora, com o ginásio, não esperem que eu seja um daqueles "armários". Vou só para recuperar a forma e perder a barriga de tantas horas sentado. E vou para ver as miúdas. Não tenho nenhum fetiche com raparigas suadas e despenteadas mas sei que algumas só vão lá para dar uso aos ténis. E eu vou ver essas, de calças de licra e tops justos. Não me interpretem mal mas será um bom incentivo. Vou descobrir a que horas elas vão para ir também. Se há coisa que um homem faz quando uma rapariga bonita está por perto é exibir-se. Assim, com raparigas bonitas à volta, vou correr mais, levantar mais pesos e esforçar-me mais nos exercícios. Obrigado raparigas bonitas, vocês vão fazer de mim um rapaz mais elegante. Isto se a preguiça não for mais forte eu...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Falta de criatividade no juízo final

As últimas três semanas devem ter sido a coisa mais aborrecida de sempre na vida das redes sociais. Na minha experiência própria, e ainda bem que tirei férias de tecnologias durante nove dias, não existe coisa mais aborrecida que a falta de imaginação.

Até S. Pedro, que toda a gente sabe que era o "dono" das portas do céu até a Igreja Universal do Reino de Deus vender as chaves a um pobre brasileiro de Minas e que costuma brincar com a meteorologia, tem feito gracinhas e já deixa o pessoal andar de óculos de sol em Dezembro e vestir o casaco em Julho. Mas nas redes sociais, meus amigos, é sempre a mesma lengalenga. Tenho pelo menos meia centena de amigos que fez questão de mostrar ao mundo que tinha sobrevivido ao seu fim. Os outros limitaram-se a fazer o mesmo que eu, respirar normalmente como se nada fosse. Aos que construíram bunkers tenho de dizer isto: "Vocês são muito inteligentes. Se a Terra for destruída por um tsunami, morrem presos num aquário, se um meteorito fizer explodir o centro do planeta vocês são os primeiros a ir ao barbecue. Muito inteligentes...".

Já sobrevivi a dois dias do Juízo Final, 31 de Dezembro de 1999 e 22 de Dezembro de 2012 e começo a levar isto na desportiva. Até estou a coleccionar um álbum com estas datas para poder mostrar aos meus netos. "Estás a ver Xiquinho, o avô, com 23 anos desviou um meteorito da Terra só com um taco de basebol e uma mini." "Zequinha, anda cá. Uma vez, uns mexicanos de uma tribo, "os Maias", fizeram um calendário onde diziam que o nosso Planeta ia explodir. Ora, o avô, quando soube disso ficou muito chateado com eles e alugou um avião para ir ao México. A tribo estava escondida numa floresta muito perigosa mas o avô, com uma fisga e uma espada de samurai foi penetrando pela floresta até encontrar a tribo. Lá, o avô teve de lutar contra os guerreiros mais fortes, só vestido com uma sunga leopardo. Como o avô viu os filmes do Rambo e do Indiana Jones, sabia exactamente como atacar "os Maias". Depois de bater nos maus todos e de galantear todas as virgens d'"os Maias", o avô desafiou o chefe dele: o Carlos Guevara Eduardo! Numa batalha até à morte, o avô pegou na espada de samurai e cortou o chefe da tribo, mas ninguém morreu. O Carlinhos aceitou a derrota e continuou o calendário numa azinheira, até ao ano 3012. Caso para dizer, quem cá andar nessa altura vai apanhar um belo cagaiço, hehe. Agora vai lavar os dentes e vai dormir."

E como ainda não percebi como funciona esta coisa, nem sei quando devo parar de dizer isto, um bom ano para todos vocês, amigos, inimigos, conhecidos e desconhecidos, carecas e cabeludos, magrinhos e balofos, feios e bonitos, divirtam-se neste 2013 e façam muito amor!

Aldeia global na grande lisboa

Globalização, aldeia global, todos nós já ouvimos estes termos em algum momento da nossa vida. Hoje em dia, com a rede de transportes cada vez mais avançada e com aquilo a que chamamos Internet, os povos, as culturas e os objectos podem vaguear à vontade pelo planeta, regra geral.

Pois bem, há minutos descobri que, se Portugal não fizesse parte da aldeia global, seria impossível entrar num indiano e pedir uma pizza, ser atendido por uma senhora de leste e o cozinheiro falar brasileiro. Isto é um sinal de globalização, e é estranho. Ir a um japonês e ser atendido por um chinês, ainda admito, se tiver os olhos em bico para mim chega como prova de credibilidade. Agora um indiano que vende pizzas feitas por um brasileiro? Que virá a seguir, chineses a grelhar maminha?

Não jantei mal e a sangria estava docinha mas ainda estou desconfiado se o molho de tomate não sabia um pouco a feijão preto. Tenham cuidado amigos que o mundo anda virado do avesso. Não confiem em nada! Não confiem em ninguém! E aproveitem para ir ao cinema ver o novo filme do Tom Cruise, "Jack Reacher". Ou vejam na Internet, eu não conto às autoridades. Ok, eu disse para não confiarem em ninguém e agora coloco-vos duas frases que não fazem sentido se não confiarem em mim... Mas a película está engraçada. Não é candidata a Óscares nem nada que se pareça, não está extraordinária nem é o melhor filme que já vi. Porém, e agora é a sério, está um bom filme de entretenimento com boas cenas de acção e uma história porreira. Aliás, tendo em conta que foi o Tom Cruise que realizou o filme e se auto-nomeou actor principal, eu teria feito o mesmo, ou parecido. O Tom fez um filme em que é um valentão, com experiência militar, as raparigas olham todas para ele, ele bate nos mauzões e não se rege por leis nenhumas. Grande Tom, sempre o mesmo malandreco.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Adeus 2012, olá 2013

Bem, o mundo não acabou mas acabou 2012, passou o Natal e estou de regresso a este meu cantinho. Foi com algum pesar que fiquei afastado e tanta história que teria para contar destas três semanas de retiro espiritual (pode-se falar em retiro espiritual se for um retiro com bebidas espirituosas?) mas vou deixar para outro dia.

2012, ano em que mudei de emprego, mudei de casa, mudei as rotinas, mudei as rotas de fim-de-semana, mudei os hábitos do dia-a-dia, mudei os lençóis da cama, mudei de orientação sexual (estou a brincar, desistam rapazes, ainda sou heterossexual assumido), mudei de computador. Venha daí o novo ano! De certeza que hei-de arranjar qualquer coisa para mudar. Talvez mudar para um carro novo ou mudar-me para Nova Iorque...

PS: Hoje uma colega minha falou-me numa expressão proferida por um humano do sexo feminino em plena puberdade: "És tão 2012!" - na situação esta expressão foi jogada contra a face de uma amiga. A seguir aos memes de futebol de novo ano por tudo e por nada, isto é das coisas mais estúpidas que vou ouvir este ano. 2013 ainda mal começou e já tem dois tesourinhos deprimentes...