sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O fim do mundo, diz o Maia

Alguém me podia dizer a que horas é o fim do mundo? Chamem-me céptico se quiserem mas depois de ter sobrevivido ao fim do milénio, a três semanas académicas e à derrota do Benfica nas meias-finais da Liga Europa, já não acredito muito nisto de profecias e frases feitas. Muito pelo contrário, quero rir na cara do mundo sempre que ele não acabar.

E como tal, já que até o sol apareceu (será para ver de perto isto a ir tudo pelos ares?), queria saber o horário deste evento. É que fiz uma aposta com um amigo em como ia sair à rua só de sunga leopardo a gritar "Estou vivo!" e pretendo vencer esta aposta. Mal acordei dei uma volta ao quarteirão só de sunga a gritar "Estou vivo! Sobrevivi! Vem cá buscar-me meteorito! Qual Bruce Willis, eu subrevivi ao Armageddon!" mas houve uma velhota que me interpelou e disse que afinal estava marcado para as 11 e qualquer coisa. Ora, ao meio-dia, fui ao WC do escritório e descasquei-me todo, tive de esgueirar-me por entre as mãos peludas do segurança para sair à rua a gritar "Estou vivo! Toma lá Eça de Queirós!" mas depois foi agarrado pelo segurança e por três informáticos do escritório do 1.º andar. Agora dizem que é a meio da tarde... Estou baralhado e ainda não vi um meteorito, uma faísca ou uma onda gigante!

Que se lixe, vou para a varanda só de sunga! Andem daí Maias, não tenho medo!

PS: se isto for tudo no c******, só peço que não me levem para o céu (apesar dessa hipótese ser muito remota). Ouvi dizer que lá embaixo temos Jimi Hendrix, Jim Morrison, Frank Sinatra, Kurt Cobain, Freddie Mercury e Amy Winehouse. Para além disso, aquilo está sempre a arder e eu adoro barbecue, e já para não falar que com calor as miúdas devem andar todas descascadas. Bem pessoal, se não aparecer aqui no blogue durante uns dias, podem encontrar-me na primeira fila a curtir a música!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Como será o fim do mundo?

Pessoal, venho aqui despedir-me de todos vós que durante estes meses me aturaram aqui neste cantinho. O nosso tempo está a chegar ao fim, segundo um calendário antigo de uns mexicanos isto a que chamamos mundo vai acabar. Talvez nos voltemos a encontrar um dia.

Estou agora a fazer a mala, se o mundo vai acabar não quero deixar nada por fazer. Já comprei um bilhete de avião para Las Vegas. Pretendo gastar o meu dinheiro todo! Vou jogar roleta, blackjack e poker! Vou beber do melhor whisky que lá houver (ou do pior, no caso de perder a jogar no casino)! Vou tentar não apanhar SIDA e tocar apenas em drogas leves! Vou comprar um macaco amestrado! Vou roubar o tigre do Mike Tyson! Vou correr desnudado pela Las Vegas Boulevard! Vou fugir da polícia! Vou passar umas horas na prisão com dois violadores! Vou experimentar três ou quatro posições do Kamasutra que me deixam intrigado! Vou dançar só de sunga em tons leopardo nas colunas de um clube de strip! Em suma, uma viagem normal a Las Vegas.

Como será a vida depois do fim do mundo? Isso sim, deixa-me nervoso. Ou como será o fim do mundo? Tsunamis? Meteoritos? Tornados? Tudo? Os Maias foram pouco claros e tenho muitas dúvidas. Que tipo de evento é esse do "fim do mundo"? Devo vestir o meu melhor fato ou posso ir descontraído de calções de banho e chinelos? Ou posso ir só de sunga? Temos bar aberto ou é melhor levar uma garrafa de vodka, pelo sim pelo não? Será que passam música boa ou é tipo Justin Bieber? E os snacks, são mexicanos em honra dos Maias ou há uma iguaria de cada canto do planeta redondo? Eu tenho uma consulta marcada para Janeiro, devo ligar a cancelar ou não faz diferença? Será que o médico me safa uma consulta depois do fim do mundo ou é abusar da boa vontade do senhor? Eu tenho o péssimo hábito de chegar atrasado a todo o lado, será que se chegar atrasado ao fim do mundo me deixam entrar? Eu nem sei a que horas é! E dizem que é em todo o lado mas duvido, por exemplo eu conheço Sabóia e lá nunca acontece nada, também vai haver fim do mundo em Sabóia? Quanto muito podem fazer um baile mas não me acredito que eles tenham condições para se meter num evento internacional deste calibre.


Não me dava mesmo jeito nenhum que o mundo acabasse esta semana. Raios parta esta história toda...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Tarantino is back!


Numa altura em que os States vivem mais um drama, Tarantino, entre outros realizadores lá do mundo do cinema, decidiram cancelar as ante-estreias dos seus filmes. Acho bem e acho mal mas fico do lado do grande Tarantino.

Quentin para a família, Quentin Jerome para a mãe quando se porta mal, um dos maiores nomes do cinema para mim, disse aquando do massacre de Newtown e referindo-se ao seu próximo filme, "I just think, you know, there's violence in the world, tragedies happen, blame the playmakers. It's a Western. Give me a break." (in uk.eonline.com).


Já dizia o Seth MacFarlane, cuja série Family Guy também viu o seu novo episódio cancelado no passado fim-de-semana, "It seems today, That all you see, is violence in movies, and sex on TV". E vemos. Desde piquinalhas que sou bombardeado com violência e sexo no mundo das artes. Mas isso nunca fez de mim um psicopata assassino cheio de tesão. Ok, talvez sinta algum prazer quando mato aquele mosquito que nos tenta manter acordados às cinco da manhã e se fosse falar de tesão ficava aqui o resto do dia a escrever sobre mamas. Mas não é isso que está em questão, eu e milhões de apreciadores de filmes de violência extrema não vamos comprar uma metralhadora para andar aí a matar criancinhas.

Muito pelo contrário, devido à cultura fílmica que me assiste, em questões de violência extrema e pornografia, eu anseio pelo dia em que um grupo de loiras psicopatas invada a minha casa, rapte o meu gato e me obrigue a ir atrás delas armado até aos dentes, com uma bazuca, uma magnum, duas espadas de samurai, uma shotgun e uma banana! No final, quando encontrar a cabecilha da organização a fazer festinhas ao meu gato, tiro a roupa e acabámos a noite num banho de espuma num quarto de motel todos arranhados e despenteados. E pouca gente sabe mas eu odeio estar despenteado! Isso sim, seria um tipo de violência em que eu não importava de envolver. Não me venham dizer que o Terminator a dizer "I'll be back!" incentiva a matar robots ou que um western, no caso do novo filme do Quentin, incentiva a matar bandidos e índios!

E agora, quedem-se com o trailer do virtuoso western que chega em Janeiro às grandes telas portuguesas. Django Unchained...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Porta-te bem, felino

Vou desabafar convosco e espero que ninguém conte às autoridades mas, e isto é uma possibilidade cada vez menos remota, se o meu gato desaparecer por um tempo interminável e encontrarem sangue no meu quarto, eu posso ter algo a ver com o assunto.

Costumo falar com o animal e quando estamos sozinhos até lhe confidencio coisas sobre mim, sobre a minha vida e afins, porque penso que ele gosta de ouvir. No entanto, ontem ouvi um miado parecido com uma palavra, a saber "miaunteiga", o que é praticamente tudo o que o meu colega de casa sabe dizer e isso deixa-me preocupado. Ainda para mais, reparei que o livro que ando a ler (pasmem-se, é sobre José Mourinho), tinha o marcador numa página diferente e estou desconfiado do gato. Qualquer dia aparece lá em casa a recitar Os Lusíadas e daí até contar os meus segredos mais assustadores é um pequeno passo. É uma situação delicada contudo, e como agora já sei que é um macho, não me sinto tão mal em pensar em assassinar o bicho. Ou então tento fazer chantagem primeiro, começo por lhe esconder os biscoitos preferidos, meto alfinetes dentro da bola de ping pong, pego-lhe fogo à cauda, só para ele perceber que é mais saudável se ficar calado.

De outra forma, seria chato o felino contar às redondezas algumas confidências. Por exemplo, fui eu que fechei o caniche da velhota do 2.ºD nas escadas de emergência só porque estava farto de ter um porta-chaves a gingar na minha perna, ou fui eu que estoirei com a energia em todo o quarteirão quando tentava fritar o periquito da velhota do 2.ºE com duas lâmpadas, ou fui eu quem colocou uma falsa convocatória de condomínio para discutir se a velhota do 2.ºF podia ter 14 gatos na varanda só porque o marido a trocou por uma rapariga que trabalha ao balcão da churrascaria da rua de baixo. Agora que penso nisso, devia afastar-me do 2.º andar antes que as velhotas se juntem contra mim, uma delas tem um cajado em madeira e já a vi correr atrás de um garoto malcriado.

Elevador amigo, não avaries nem pares no 2.º andar que eu prometo portar-me bem daqui em diante. E ai de ti, saco de pulgas, que te chibes de alguma coisa!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Um drama a sério

Toda a nossa vida é feita de escolhas, de oportunidades, de pequenos momentos que tomam grandes proporções. Aqueles dois minutos de preguiça na cama e o autocarro que nos foge e nos faz chegar atrasados no dia em que o nosso patrão descobre que o amante da mulher tem chatos e que isso explica a forte comichão nos seus tomates... No momento certo ou no momento errado, qualquer gota de água pode causar uma tempestade, e vice-versa.

Ainda me lembro de quando era um pequeno catraio irrequieto. Tinha a energia de qualquer petiz malandro e irrequieto, a curiosidade de um gato, uma tendência enorme para a asneira. Nesses dias, em plena década de 1990, havia poucas coisas que acalmavam o meu ímpeto de petiz malandro. A saber: desenhos animados! Eu sabia melhor o horário dos desenhos animados que as pessoas que escreviam a programação nas revistas. E era tudo calculado ao pormenor, o habitual ritual matinal e o final de tarde eram tratados com mais precisão que a tentativa de abrir um cofre. Saía da cama, ia a correr para a casa-de-banho, sabia exactamente os segundos que levava a fazer xixi, e quando me sentava a tomar o pequeno-almoço já estava a começar o genérico dos desenhos animados. Nunca falhava! E se, como acontecia no século passado, a emissão falhasse ou houvesse uma alteração inesperada, eu dava em maluco. Arrancava cabelos, batia no gato, não arrumava a taça dos cereais no lava-loiça e quando chegasse à escola estava de trombas! Saía do sério com essas porcarias. Parecia um relógio suíço, sempre exacto na hora de atar os cordões e chegava a não meter o cinto nos dias em que demorava mais 10 segundos no banho.

No outro dia, dizem, aquela rede social que teve direito a um filme ficou fora do ar durante uns tempos, tal como aquele motor de buscas bastante conhecido, e as pessoas entraram em parafuso. Imagino a desilusão daqueles que estavam a conversar com os namorados ou que estavam quase a bater um novo recorde naqueles jogos irritantes que estão sempre a encher a minha caixa de pedidos! Meus amigos, o Dragon Ball mudar de horário sem aviso prévio e eu perder o terceiro episódio da luta contra os Sayians é um drama, ficar um par de horas sem Facebook é um alívio! Eu não me apercebi que essa coisa estava fora do ar mas se falhava um episódio, eu reparava! Se o Facebook falha, podem jogar outra coisa qualquer ou usar outras formas de comunicar com outras pessoas mas se os desenhos animados não davam à hora certa, como queriam que visse aquele episódio? Nem podia fazer um download ilegal naquela altura. Isso sim, eram dramas a sério!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Tocar um instrumento com estilo


Descobri hoje, algo que já suspeitava há muito. Como ser humano, gosto de ouvir música. Não foi isso que descobri, tenham calma rapazes e raparigas. Na música, e em termos de gostos, as opiniões divergem no estilo preferido, bandas, cantores, músicos, instrumentos, sons e por aí fora. Não sou excepção, tenho os meus gostos que até são bastante variados e chego a oscilar entre a música de baile e o sempre agradável jazz. Contudo, e porque não estou aqui para falar de grandes bandas ou artistas, vou directo ao assunto - piano, bateria e violino!

É isso mesmo, leram bem, não vou voltar atrás para apagar, são esses os meus três instrumentos de eleição. Cada um no seu devido momento, todos com um som maravilhoso, excepto se tocados por uma criança de três anos com atitudes psicopatas e tendências agressivas. Preferem que eu descontrua e avance por partes?

Não sei tocar nenhum instrumento, sempre preferi jogar à bola e andar de bicicleta e jogar videojogos e ler. Estes são os três instrumentos que mais aprecio. Recentemente mostraram-me um músico que introduz o som do violino em música rock e digo que fica algo de espectacular. No entanto, não me imagino a tocar violino, imagino-me antes a tocar piano. Sentado, a fumar um charuto, a beber um copo de whisky on the rocks, com uma morena escultural sentada em cima do piano. Uma espécie de Serge Gainsbourg mas em português, com uns abanadores mais curtos e com bigode. É de uma tremenda classe tocar piano com uma mulher esbelta e pelada em cima do instrumento...

Peço desculpa mas não encontrei nenhuma foto da Jane Birkin pelada em cima do piano do Serge...
E bateria, que se pode dizer da bateria. Conheço quem toque, e bem, mas nunca me atrevi a começar, toquei bombo durante duas semanas numa tuna universitária e continuo a tocar "air drums", apesar de também tocar "air piano" com o teclado do computador e "air violin" com canetas. Hoje descobri que a tocar "air drums" fujo ao ritmo que oiço, deixo-me levar pela espontaneidade e dou por mim a falhar completamente a pauta. Os meus colegas de trabalho já nem dizem nada, também já há uns tempos que acreditam que eu sou maluco pelo que tocar uma bateria imaginária nem é muito grave. Agora imaginem-me a tocar juntamente com uma banda e a meio da música fechava os olhos e deixava-me levar pelo meu próprio ritmo. As fãs iam adorar e iam chover cuecas em cima da bateria, as mulheres sempre gostaram de bateristas, mas os meus colegas, para além da inveja, iam ficar à nora perante tal radicalismo musical. Já piano, acho que sou capaz de aprender a tocar quando o cabelo começar a ficar grisalho. Nessa altura também começo a fumar charutos importados da terra do Fidel e vou achar-me sexy.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Afinal é um gato

Eu tinha uma gata que afinal é um gato e isso mudou tudo. Sinto, claramente, que os meus últimos dois meses foram uma mentira. Eu estive a viver uma mentira! Depois de ter colocado um texto intitulado "Gato, o chamariz de garotas" parti para a acção e recebi mesmo na minha moradia um animal da espécie acima referida. Contudo, à primeira vista parecia-me estar perante um espécime feminino e todos cá em casa o começamos a tratar como tal, até esta semana. Esta semana mudou tudo.

Quando tínhamos uma gata éramos uns pais carinhosos que fazíamos todas as vontades à menina. Chegamos a comprar Barbies para ela brincar, e ela brincava toda contente, dávamos-lhe banhos de sais e espuma, víamos fotos de gatos machos pelados, até cheguei a fazer uma maratona de Sexo e a Cidade com "ela". E o pior, "ela" dormia connosco, na nossa cama. Mas agora é "um gato" e passou a ter uma vida de macho!

Em primeiro lugar acabaram-se os banhos, um gato macho lava-se com a própria língua! Forrámos a sala com fotos de gatas desnudadas e algumas vestidas com camisolas de lã bem sexy, passámos a meter picante nos biscoitos e acabaram-se os patés enlatados! Agora deixamos a televisão ligada em canais de desporto quando saímos e vemos pelo menos um filme de acção por dia, de preferência com muito sangue. Quando se trata de vida nocturna, e apesar de ser um felpudo de apenas cinco meses, pode ficar acordado até tarde, se quiser sair com os amigos está à vontade, já bebe cerveja com os donos e estamos a ensinar-lhe piropos e frases de engate, só não toleramos drogas e a primeira vez que o apanharmos a fumar vai levar com o cinto. Agora tem uma manta do Action Man e nunca mais o obrigámos a lavar loiça ou arrumar a casa, isso é coisa de mulher e o nosso gato é um macho. E, mais importante, agora dorme na rua! Não quero um macho a dormir enroscado nas minhas costas...

Se ele está mais feliz agora, não sei, mas está a portar-se como um verdadeiro homem! Ontem tinha duas gatas a miar à porta e deu-lhes para trás para ficar a ver The Avengers com os seus compinchas. Está feito um homem, o meu "ex-gata"!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Fui convidado para...

Pediram-me para escrever um texto sobre o desporto algarvio e eu, muito simpático, decidi aceder ao pedido. Aliás, até vou escrever dois textos. Contudo, até me sentia mal se não partilhasse tal obra-prima da literatura moderna convosco. É verdade, sou um ser extremamente adorável e gosto de vocês, gosto de todos os que já tiveram a ousadia de invadir este meu espaço pessoal onde eu disserto sobre a vida, sobre o mundo, sobre nada e sobre coisa nenhuma. É verdade, um bem-haja a vocês, vocês são os melhores leitores que eu já tive. Não fiquem já emocionados, só bebi um copo de vinho tinto e duas garrafas de Licor Beirão portanto não estou, nem de perto nem de longe, bêbedo, apenas ligeiramente alcoolizado.

Como é óbvio, e porque vocês são os melhores leitores do mundo, não vou publicar já os textos. Nem vocês merecem tal afecto da minha parte. E eu não sou nada dado a afectos, excepto se forem raparigas bem roliças e jeitosas, aí abro uma excepção, ou duas, se elas estiverem para aí viradas. Ou seja, serve este gatafunho para vos dizer que o director de uma publicação online, da qual eu sou um padrinho desnaturado, me pediu para meditar sobre o desporto algarvio. E tanto que eu teria para escrever sobre o desporto algarvio, ou sobre o desporto em geral. Caro amigo, deixa-me já dizer que isto é das tarefas mais exigentes que me pediram nos últimos tempos e só a vou realizar porque me sinto em dívida para contigo.

Vocês, amigos leitores, esperem por eles. Serão bombásticos! Fantásticos! Cheios de acção e desportivismo! Estão para breve, estão a chegar, quase a chegar, mas não será hoje. Bem-haja amigos!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Sou um Algarvio em Lisboa

Em Lisboa, aquilo a que chamam maior acumulado de prédios deste cantinho à beira-oceano, as pessoas mantêm relações impessoais entre elas. Eu próprio, aqui na minha zona, na minha rua ou no meu prédio, não conheço ninguém. Cumprimento, por cortesia, quem encontro dentro do edifício ou as caras que vejo com maior frequência mas sinto que possuo apenas uma cama nesta área e não me sinto parte dela. Ainda hoje vim com uma senhora no elevador e a viagem foi longa demais para tanta conversa.

Porém, e fica sempre elegante começar uma frase com um porém, desde piquinalhas que gosto de iniciar uma oração com um elegante porém, ou até mesmo um contudo, outras vezes recorro ao no entanto, sinto que iniciar uma frase já pronto a lançar um grito de revolta é algo que me fica bem, ora, porém, esta situação traz alguma animação ao dia-a-dia.

A razão por eu escrever este texto é muito simples, e passo a explicar: estava eu com uns amigos, a descer umas escadas à saída de um café, e vinha na frente do grupo a falar com uma rapariga cuja língua materna não é o português. Sempre brincalhão, estava a meter-me com ela porque ela tinha dito "bye, bye" ao empregado do café quando poderia ter dito em português. E então ela apercebe-se que sabe dizer algumas palavras em português e atira um "boa tarde" um pouco mais audível que o desejado. À nossa frente ia um casal nos seus quase trinta e a rapariga olhou para trás assustada. Como é óbvio, desatei a rir, a minha amiga ficou envergonhada, a outra rapariga ficou assustada, o outro rapaz começou a rir, eles aceleraram o passo e desapareceram da nossa frente num ápice. E eu fiquei a matutar naquilo. Se calhar a rapariga ainda ficou à espera que lhe pedisse desculpa por ela ter pensado que o "boa tarde" era para ela. Lisboa é um sítio onde as pessoas são "bichos-do-mato", ninguém se conhece, ninguém quer saber das outras pessoas e incomodar alguém é uma alegria. Às vezes vou ao supermercado e meto conversa com o funcionário da caixa, principalmente se for uma rapariga jeitosa, e há quem leve a mal. Costumo fazer piadas de circunstância e fingir que não tenho dinheiro na carteira, e há quem não reaja, continuam com aquele ar de robot e só conseguem dizer "bom dia, tem cartão de cliente?, são 14 euros e 32 cêntimos, obrigado" e levam as oito horas de labuta naquilo.


Se calhar sou um "Algarvio em Lisboa". Ainda no outro dia parou uma ambulância ao pé de mim para pedir indicações e eu, que mal conhecia a zona, tentei ajudar, não consegui, mas também não fugi a sete pés com medo das pessoas! Deixava aqui um apelo às pessoas das cidades, deixem de ter medo das pessoas (excepto de pessoas com mesmo muito mau aspecto ou que carreguem facas consigo). Já dizia um grande homem, "smile doesn't cost a penny"! Vamos ser alegres por um dia e sorrir às pessoas que vemos na rua e cumprimentar o motorista do autocarro e o "caixa" do supermercado e o vizinho do rés-de-chão. Vamos ser pessoas!

PS: Às vezes sinto-me um "Englishman in New York".

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A diferença de usar um blazer

Já escrevi sobre trânsito várias vezes, lembro-me de ter escrito umas duas vezes ou coisa assim, e é um tema a que nunca fico indiferente, muito pelo contrário, até fico diferente. Confuso? Adoro causar esse efeito nas pessoas. Às vezes invento histórias só para ver até onde consigo levar a minha imaginação, é engraçado. Mas sou diferente porquê? - perguntam vocês na esperança que eu não comece a divagar. Pois bem, sou diferente por duas razões.

Primeiro, sou Gémeos de signo e, segundo a revista Maria e o professor Bambu, tenho uma espécie de dupla personalidade cósmica que é orientada por astros que estão a anos-luz de distância e que interferem com a minha forma de ser. Basicamente, eu deveria poder fazer tudo o que quisesse, bastava-me colocar as culpas nas estrelas e toda a gente iria compreender a situação. Segundo, cresci no campo e vivo na cidade mas continuo a ter hábitos do meio rural. Aliás, já estou a juntar terra para fazer uma horta na minha varanda. Tipo só para cultivar umas batatas e uma saladinha. Os legumes do supermercado são assustadores.

E de regresso ao trânsito, salvo seja, seria perigoso estar a escrever um texto ao volante e não aconselho isso aos jovens até porque os jovens não devem conduzir antes dos 18 anos, excepto nos meios rurais como aquele onde eu nasci. Pois bem, vou tomar uma nova atitude na minha vida de condutor: sempre que não estiver atrasado, vou usar um blazer. É isso mesmo, vou passar a conduzir de blazer. Mesmo no Verão, mesmo que seja desconfortável, vou usar um blazer. Já tinha pensado nisso outras vezes mas hoje, que estava a conduzir de blazer e sem me preocupar com o tempo da viagem, vivi uma experiência única, e que aconselho aos jovens - quando fizerem 18 anos e tirarem a carta! Experimentem vestir um blazer e, sempre que se depararem com uma situação de cedência de passagem em que seria educado dar passagem a outro condutor, façam-no com um subtil gesto de mão por cima do volante. Fiz isso hoje e senti-me dono da estrada! Estava eu, no meu calhambeque, de blazer, e no meio do pára-arranca, decidi dar passagem a um sujeito bem vestido num veículo com cavalos lustrosos e bem cuidados (digamos que o meu deve ter alguns mas ao pé do veículo a que eu dei passagem, parecem póneis escanzelados!). Como é que o fiz? - perguntam vocês com os olhos a brilhar. Endireitei-me no banco, mirei o blazer, mão direita nas mudanças (já é hábito), mão esquerda em cima do volante e um subtil gesto a dizer "siga lá chefe, EU deixo". E lá foi ele, todo contente. Meus amigos, se eu estivesse a usar uma blusa com gola aberta ou uns suspensórios iria parecer ridículo mas de blazer, não sei se percebem a dimensão da coisa, senti-me um autêntico patrão!

Pronto, foi o ponto mais alto do meu dia. Amanhã vou novamente de blazer, até estou a ponderar levantar-me mais cedo só para mostrar aos senhores que conduzem veículos de alta cilindrada (suponho que deixar passar um mata-velhos ou um Clio de 1994 não dê a mesma satisfação) quem é o dono da estrada! Agora, atenção, já fui confrontado na rua por causa dessa situação: será que alguém que baptiza o seu blogue de "copo de vinho" devia falar de condução? Espero que não bebam vinho e vão para a estrada, pode correr mal. Aqui fica a minha mensagem de responsabilidade social, mas só porque é Natal!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Vamos criar um novo turismo!

É por isto, amigos e camaradas e ideologistas de qualquer ponto  da Rosa dos Ventos, que o país da D. Merkel manda em nós. Isto é, e estou bastante certo do que digo, um país desenvolvido. Abrir casas de meninas é o passado. Raparigas drogadas, senhoras sem dentes e imigrantes ilegais não chamam mais a atenção dos homens, o que o verdadeiro homem quer mesmo são lamas e veados!


Isto é o negócio do futuro! Estou bem ciente disso. Até podemos fazer um belo turismo zoológico-erótico com o melhor que Portugal tem para oferecer. Quantas vezes, amigos, quantas vezes não me deparei com turistas que me perguntavam alegremente onde havia uma boa casa para a loucura e eu, envergonhado, baixava a cabeça e dizia que havia poucas casas de luxo. Pudera! Onde eu nasci e arredores as senhoras que eu vejo a dar as boas-vindas aos turistas nem costumam ter dentes! E é claro que isto dá logo má imagem do país! Quantas vezes não pensei eu, se houvesse uma quinta com umas belas cabras e ovelhas, de pêlo escovado e com uma dentadura impecável, podia para lá mandar esses aventureiros. E eles saíam de lá todos contentes e iam espalhar a notícia lá na terra deles. Produto mais nacional que este não há. Estamos a importar senhoras de outras nacionalidades quando temos cabras e ovelhas doidinhas à espera deste tipo de casas! Os alemães é que a sabem e é por isso que mandam na Europa.

Aliás, digo ainda aos governantes deste país que penetrem pelo interior de Portugal à procura de ovelhas que tiraram a virgindade a pobres jovens! São às dezenas!

Fora de brincadeiras, a sério que o Velho Continente é dominado por um país onde existem "Jardins zoológicos eróticos"??? Qualquer dia rebenta o escândalo no Parlamento alemão e metade dos deputados tem raízes em zonas rurais... E obrigado CM por me possibilitares colocar Merkel e Zoofilia no mesmo texto, há anos que ansiava por este momento!

Vou escrever um livro! - Parte I.I

Há umas semanas deixei aqui para vocês um pequeno excerto do primeiro capítulo de uma futura grande obra de arte da literatura portuguesa alternativa. Antes de mais deixem-me elucidar que não penso, e seria realmente parvo, ganhar um prémio nobel por tal rabisco nem penso ser um ícone da literatura portuguesa. Até porque, para ser um ícone ou ganhar uma estatueta, preciso de uma história de vida comovente ou de ser estúpido. E agora vocês podem dizer que isso tem uma pontinha de verdade, e tem, mas não é suficiente para convencer o júri. Sei ler, tirei uma licenciatura, nunca passei em fome em criança nem levei porrada dos meus pais, tenho um trabalho sério e gosto de mulheres. Até posso ser um pouco estúpido mas a minha vida não tem grande interesse. Sou um gajo normal, por assim dizer.

Porém, e voltando ao tema, tenho andado com dificuldades em avançar na história e tenho-me limitado a escrever tópicos para abordar nas 150 páginas que ainda estão por escrever. Diversos tópicos, novos personagens, momentos-chave, enredos paralelos, dramas, algum humor, muita acção... Enfim, um livro a sério sem histórias de amor nem finais felizes. Não gosto dessas coisas. Podem chamar-me insensível ou até antiquado mas não gosto de finais felizes, previsíveis e vazios de interesse. Não poucas vezes dou por mim a ler uma história ou a ver um filme e, num quarto de hora, já sei exactamente como vai acabar. É aborrecido e eu não aprecio cenas aborrecidas. E quem diz cenas diz coisas, também não gosto de coisas aborrecidas. Portanto, garanto que o meu livro não será aborrecido! Pelo menos para mim. Ontem escrevi um pequeno momento que irei inserir no capítulo dois que me deixou a rir desalmadamente durante uns bons três minutos!

Pois bem, no texto - "Vou escrever um livro! - Parte I" ficaram a conhecer um dos personagens principais, cujo nome não revelei na altura, nem vou revelar agora. Mas vou desvendar um pouco sobre esse personagem, só para aguçar o apetite da mulherada! Esse personagem, o "padrinho", é uma mistura de Casanova com Zezé Camarinha, pêlo no peito, sucesso com as mulheres e o QI de uma ervilha. Moreno e gostoso, o "padrinho" será o personagem secundário com mais acção na história e vai estar presente em alguns momentos bastante hilariantes. Depois de dançar com uma loira e uma morena, o "padrinho" vai ser vítima de um sequestro! Exactamente, um sequestro! Com perseguições de carro, tiros, ameaças, gorilas vestidos de seguranças, crocodilos e até anões! Vai ter carros de alta cilindrada e vespas a acelerar pelas estradas nacionais deste Portugal com direito a explosões! O rapaz será levado para um armazém escondido onde será torturado! O motivo: não vou contar! Senão depois já ninguém vai querer comprar o livro e eu gostava de vender pelo menos cinco exemplares, sem contar com a minha mãe.

Espero que isto vos deixe alguma água na boca, e ainda mais espero que limpem a boca para não sujarem o teclado. E agora vou almoçar porque isto das segundas-feiras dá uma larica à uma da tarde que nem é tarde nem é cedo para ir trincar uma fatia de pão e um copo de vinho, com moderação porque sou um adulto responsável e tenho de voltar à labuta daqui a pouco. Boa semana para vocês, e para mim!

domingo, 25 de novembro de 2012

Primeira vez num estádio

Depois de um interregno legítimo, por preguiça, estou de regresso a este sítio virtual. E só por ser para vocês, já tenho aqui gatafunhos preparados para os próximos dias, de modos que este blogue vai ter mais acção do que nunca! Vejam a classe com que eu me escusei a fazer piadas sobre futebol, celebridades ou pedofilia, isto, amigos meus, é a classe que me distingue dos reles comediantes e bloguistas deste país. Mais tarde vocês irão agradecer-me.

Pois bem, recentemente tinha comentado a minha ida ao Estádio da Luz para ver o Benfica 2 - 0 Spartak Moscovo onde, sem qualquer honra, injuriei um sujeito de apito ao canto da boca. E então, para me redimir, voltei lá para ver o jogo com o Celtic e tentei não ofender ninguém. Posso dizer que foi uma missão quase bem sucedida. Mas não é isso que interessa. O facto de ter lá ido com um grupo de amigos que nunca tinham entrado num estádio de futebol fez-me pensar na minha primeira vez... ups, peço desculpa pela piada sexual, primeira vez que fui a um estádio de futebol, para ver um grande jogo.

2005, Estádio do Algarve, Algarve, Estoril contra Benfica. O Estoril, numa manobra estranha, deslocou o jogo para o Algarve, possivelmente por motivos de bilheteira. E então, lá fui eu e o meu progenitor, bater 90km para ver o SLB. Confesso que estava nervoso. Era a primeira vez na minha vida que ia ver o Benfica e era a primeira vez que via o Benfica jogar futebol e não matraquilhos. Apesar do adversário ser fraco, estava nervoso, expectante, entusiasmado. Levei a minha camisola, dessa época, e no estádio o meu pai quis oferecer-me um cachecol, que eu ainda guardo e que levo a todos os jogos. Chegamos em cima da hora e nunca mais esqueci aquele momento, a entrada nas bancadas. 30 mil pessoas de pé a cantarem "Benfica", cachecóis e bandeiras no ar, as equipas entram em campo e um ruído ensurdecedor, não conseguia parar de sorrir, esperei por aquele dia 16 anos, os jogadores passeavam a umas belas dezenas de metros de distância mas eu sabia que eles eram, delirei com os primeiros toques da bola, vibrei com o público a cantar pela equipa, disse palavrões quando o Estoril fez o 1-0, bati palmas quando expulsaram o primeiro jogador do Estoril, ri sempre que o árbitro olhava para o Simão antes de apitar uma falta, saltei e gritei e esbracejei e fiz parte da festa dos dois golos das Águias! Contudo, o maior momento da noite foi a entrada de um jogador excepcional, diferente de todos os que vi jogar até hoje: Pedro Mantorras! Presumo que ninguém no estádio tenha ficado sentado aquando da sua entrada, tudo de pé a bater palmas ao mais promissor avançado que passou pelo Benfica nos últimos 23 anos. São momentos que só se vivem uma vez. Eu vivi, naquele dia, uma das melhores experiências da minha vida.

Para animar a festa, ainda guardo o cachecol! Esteve comigo na recepção ao Spartak, na recepção ao Celtic, no 3-0 ao Porto na Taça da Liga, no 5-2 ao Rio Ave há duas épocas e em muitos mais jogos. Aquele cachecol merecia um camarote no Estádio da Luz, sempre que lá vai, o Benfica ganha! Já enviei duas cartas e sete e-mails para o departamento de marketing mas ainda não obtive resposta, é uma pena, seria a garantia de vitória em todos os jogos (acrescento que não consegui ir ver o jogo com o Barcelona nem os últimos jogos com o Porto e aproveito para pedir desculpas a todos os benfiquistas).

E por tudo isso e muitos mais, "Não percam o próximo texto, porque eu, também não!" (pequena adaptação do melhor anime de todos os tempos, este senhor dava uma excelente Voz para a Casa dos Segredos). Bem-haja amigos, boa semana!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Também tenho sósias!

A moda desta semana, fora greves e manifestações e bastonadas (deixem-me dizer que fiquei triste, esta semana nenhuma rapariga decidiu mostrar as mamas, isso mostra que o povo não está suficientemente focado no que realmente importa), foram os sósias.

Nos Estados Unidos, um rapaz descobriu um gajo igualzinho a ele. Facto engraçado - o gajo igualzinho a ele estava numa parede de um museu, num quadro com mais de quatro séculos. E o gajo é mesmo igual, tem uma certa barriga, tem barba, a expressão do olhar, igualzinho. No dia a seguir a descobrir isso, vejo a notícia de uma rapariga, também nos States, que descobriu, pasmem-se, num museu (!), um busto com um focinho igual ao seu. Mas mesmo igual. Maior facto em comum: as fotos que o rapaz e a rapariga tiraram nos ditos museus estão a fazer sucesso entre os seus amigos nas redes sociais e, de tal forma, que já chegaram a Portugal.

Pois bem, antes de vender a notícia a um qualquer tablóide luso, conto-vos que também tenho um sósia. É verdade, não se trata de nenhum irmão gémeo nem algo que se pareça. Eu já suspeitava, há uns tempos. Vi, pela primeira vez, há uns anos valentes, um quadro de um sujeito exactamente igual a mim, moreno, sorriso malandro, olhar charmoso. Depois disso, já passei algumas vezes nesse local e continuo a achar que aquele sujeito, bastante elegante, é igualzinho a mim. Sempre que vou visitar a minha avó, lá está ele, no quadro, a olhar para mim com ar gozão e sedutor. E a minha avó diz o mesmo, é igualzinho a mim. Um dia vou tirar uma foto lá perto para colocar nas redes sociais.

Para além disso, acho que hoje vi outro sósia meu. Se o Bin Laden e o Saddam Hussein tinham uns quantos, eu também posso ter dois. Não sou mais nem menos que esses dois terroristas. Foi assim, estava eu a entrar no elevador e vi-o, bonito, espadaúdo, elegante, de camisa, barba por fazer, exactamente igual a mim. Ficamos uns instantes a olhar um para o outro, depois desviamos o olhar, mas acho que ele ficou a pensar o mesmo que eu: é meu sósia! Foi um momento estranho, não estava à espera de encontrar um sósia meu no elevador. Que coincidência enorme! Voltei lá e pumbas, lá estava ele de novo! Se calhar é daqueles rapazes, fortes e musculados, que fica nos elevadores a carregar nos botões para as pessoas. Dá sempre uma boa imagem do prédio em questão. Uma vez fui ao Estádio da Luz com convite para os camarotes, Corporate Club ou algo assim, com direito a parque de estacionamento e catering, bastante agradável. Pois bem, dessa vez, estacionei o meu veículo (possivelmente o pior calhambeque que alguma vez entrou naquele parque de estacionamento) e, quando ia entrar no elevador, lá estava uma rapariga, muito bonita por sinal, a carregar nos botões. O meu sósia deve fazer isso no prédio onde eu moro, não é tão bom como no Estádio da Luz mas a rapariga também era muito mais bonita que o meu sósia.

De modos que, em resposta a essas duas pessoas lá nos States, também eu encontrei sósias meus, e logo dois! Quer dizer, agora que penso nisso, se calhar o meu segundo sósia é um espelho. Vim da rua há pouco e também estava lá um sósia do meu colega de casa. Será que conta como sósia? Ora bolas, acabei de escrever um texto sem sentido... Bem, agora já está. Melhores dias virão. Saúde amigos, não abusem no pão, nem no vinho!!!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Mammarella, bom guarda-redes, mau pai

Alguém viu o Portugal - Itália no Mundial de Futsal? Aquele guarda-redes italiano é realmente uma máquina.

Resultado à parte, os italo-brasileiros jogam bem e têm mais cinismo que os portugueses, não soubemos jogar inteligentemente e voltamos a morrer na praia. Vou só desabafar uma palavra para a dona árbitro, que é brasileira, tal como metade da selecção italiana de futsal, é de São Paulo, onde vive a maior comunidade de italianos no Mundo (a seguir a Itália), e é uma indígena sem pingo de decência. Para a próxima quero o Lucílio Batista a arbitrar um Portugal - Brasil a ver se gostam!!!

Mas, voltando ao que me fez vir aqui escrever umas linhas, até porque comecei a escrever quando Portugal ganhava 3-1, que me dizem do guarda-redes italiano, Mammarella. Que grande patife! O homem defendeu tudo o que havia para defender numa exibição fantástica. Efectuou defesas que nunca julguei estarem ao alcance de um ser humano.


Pois então, estava eu a ver o Mammarella a apanhar bolas e estava a imaginar como seria se o homem tivesse um filho e fosse jogar à bola com ele. Imaginem, um puto de 4 anos, uma bola quase do tamanho do miúdo e o Mammarella. O puto, na sua inocência de petiz italiano, manda o pai para a baliza, coloca a bola na marca de grande penalidade e faz de Pirlo nos quartos-de-final em 2012 contra a Inglaterra. Corre para a bola, chuta com a classe de um petiz italiano de 4 anos e... Mammarella defende. Volta a colocar a bola no sítio, agora é Fábio Grosso na final de 2006 frente à França, chuta com a classe de um petiz italiano de 4 anos e... Mammarella defende. Irritado, volta a colocar o raio da redondinha no sítio, cospe para o chão, agora é Totti frente à Holanda no Euro2000, arranca furioso para a bola com a raiva de um petiz italiano de 4 anos e... Mammarella defende de olhos fechados. O puto irrita-se, atira a bola para longe, chama nomes ao pai e foge para a casa da prima, começa a brincar com Barbies e vira homossexual. E porquê? Porque Mammarella, para além de ser um excelente guarda-redes, é um péssimo pai...

Veneza debaixo de água


Parece que a chuva que passou por Itália deixou algumas zonas inundadas, entre elas, Veneza. No site do jornal Expresso, vi uma foto de um casal de turistas, facilmente identificáveis pela máquina fotográfica a tiracolo, todos sorridentes e com água até aos joelhos.

(Entretanto perdi essa notícia mas vi esta fotogaleria que pode ajudar a perceber como está Veneza... Veneza, literalmente, debaixo de água)

Ora, eu, e possivelmente aquele casal antes de chegar a Itália, nunca estive em Veneza mas sempre imaginei a cidade do norte de Itália como um lago onde existiam casas que flutuavam e só havia água à volta e os veículos de transporte eram gôndolas e as pessoas apanhavam uma traineira para ir para o trabalho e na cave das pessoas havia um aquário comum a toda a cidade. Fiquei triste ao saber que Veneza afinal pode sofrer de inundações. Para mim, Veneza ser inundada era o mesmo que um vulcão ser incendiado! Veneza era uma espécie de Atlântida. Eu até acreditava que os bebés em Veneza tinham guelras! Uma povoação de anfíbios comedores de pizza. Com escamas e tudo, sereias, girinos, tritões, tudo ali à mistura. Gente simpática, no fundo. Os polícias de mota de água, os criminosos de jet ski, as modelos sempre de biquíni, os homens eram tipo Clark Kent sempre com o fato de mergulhador por baixo da camisa, as mulheres trocavam os saltos pelas galochas. Era muito mais giro.

É um drama que assola este planeta azul, se visto do espaço, algo que eu e os leitores nunca fizemos. Enfim, incêndios no Verão, inundações no Inverno, crise o ano inteiro, Natal que começa em Novembro, greves semana sim semana não. Como dizia o nosso grande comunicador Artur Albarran, "O drama, a tragédia, o horror", e é mesmo isso.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Eu aqui me confesso

Venho aqui confessar, perante este enorme público que visita este espaço de poesia em prosa, que fui um dos indivíduos que perturbou o bem-estar no Estádio da Luz na passada quarta-feira, 7 de Novembro, no jogo que opôs o Sport Lisboa e Benfica ao Spartak de Moscovo. Eu, e outro amigo, vou chamar-lhe Arnaldo, nome fictício. Ora, eu e o Arnaldo, embriagados com uma imperial comprada numa roulotte nas imediações do Estádio, não conseguimos segurar o nosso ímpeto animalesco e desatámos a ofender pessoas.

Tudo se passou ao minuto 51, ou uma coisa assim, quando o Benfica, num lance de ataque elegante, organizado e educado, chegou ao golo por intermédio de Oscar "Tacuara" Cardozo. Pois bem, o sujeito do apito, apitou e anulou um golo que seria limpo. Nisto, eu levanto-me do meu lugar, jogo os braços a eito em direcção ao céu, e exclamo a plenos pulmões: "Corno!". 36 mil pessoas no Estádio prontas a gritar golo e o árbitro não deixa que as pessoas façam a festa. Enervei-me. De seguida, o Arnaldo grita bem alto: "Cretino!!!", e os insultos prosseguiram, "Malandro", "Patife", foi um momento feio de viver. Penso que estavam crianças nas redondezas que não precisavam de ouvir tamanhas injúrias. Um deles ainda nem conseguia atar os cordões. Aqui peço desculpa a todos os que estavam por perto, aos que estavam longe, aos que queriam estar, aos que não estavam, e aos outros também. Menos aos adeptos do Spartak porque estavam do outro lado do Estádio e não falavam português.

Como é óbvio, e esta história é verídica, as pessoas atrás de nós desataram a rir. O português gosta muito de uma observação ofensiva proferida em direcção a alguém cuja profissão é alvo de chacota. 

No final o Tacuara marcou mais dois e ainda se deu ao luxo de falhar uma grande penalidade. É para aprender senhor árbitro, seu cretino! E pronto, peço novamente desculpa, lembrei-me do senhor e fiquei ligeiramente exaltado. O Benfica ganhou e ficou tudo bem no final. Prometo não voltar a injuriar um árbitro num jogo Benfica - Spartak que se realize nos próximos trinta dias. Aqui fica a promessa que tenciono cumprir. Atitudes destas não revelam a boa educação que me foi dada pelos meus pais. Eu até costumo ser bastante calmo...

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Bom dia de Odin a vocês

Bom dia de Odin para todos vocês!

Menos àqueles que me chamaram idiota. Não sabiam que hoje é dia de Odin? Mas é. Há alguns anos. Coisas religiosas.

Quem é Odin? A sério que alguém perguntou isso? Por amor de Odin! Exacto, Odin é Deus, bem, não é Deus, "o" Deus, é um Deus, nem é cristão. Odin é o rei dos Deuses Nórdicos. Imagino que alguns imaginem Odin como o Hannibal de barba e olho à José Cid (a.k.a. de vidro). Mas ele é mais que isso. É, efectivamente, o pai do Thor. Tem barba e um olho de vidro. E é um mago.

                    

Segundo os nórdicos, os de antigamente, alguns dias da semana eram uma homenagem aos seus deuses: Tyr (ou Tiw, consoante a tradução ou o espaço temporal) - Tuesday, Odin (ou Woden) - Wednesday, Thor - Thursday e Freyja - Friday. É uma explicação.

Ora, o Luís de Camões dos nórdicos (não pensem que digo isto ao calhas ou que estou a tentar brincar com o facto do senhor só ter um olho, tal como o nosso poeta, até porque já fiz essa gracinha com o José Cid, também ele poeta), ora, o Luís Vaz de Camões dos nórdicos, Pai dos Deuses, Senhor de Asgard, Deus da Guerra, da Morte e do Conhecimento aparece, em várias versões, como Senhor da Poesia. Daí a alusão ao maior poeta português de todos os tempos, que só tinha um olho e contava mentiras a rimar. Odin também combatia a cavalo num cavalo de oito patas e usava magias. Podia lutar com uma espada, um machado, um pau ou até as próprias mãos ensaguentadas com o líquido que corria nas veias dos inimigos, mas não, fazia magias, tirava coelhos de cartolas e encontrava a carta que nós escondíamos no baralho. Pai dos Deuses - não era forte, não era másculo, não voava, fazia magia. Zeus era um Deus implacável que controlava os céus e era conhecido por Deus Trovão, metias-te com ele e o céu trovejava e caía-te um raio em cima, mas Odin fazia magias! Se calhar também sabia ler tarot...

Enfim, é dia de Odin, Portugal perdeu mas foi apurado para os oitavos-de-final do Mundial de Futsal e o Benfica joga mais logo, portanto, só quero pensar na bola! Troco uma fatia de pão e um copo de vinho por uma bifana e uma imperial numa roulotte nas imediações do Estádio da Luz!!!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Volta ao Algarve, não vás

Hoje apetece-me desabafar. Pois é, parece que a Volta ao Algarve em ciclismo não se vai realizar em 2013. Em causa estão as dívidas das autarquias à organização, que já li em qualquer lado que ascendem a 120 mil euros, é dinheiro. O que, por si só, é fácil de entender, o Estado está tão mal que nem existe adjectivo para classificar o estado do Estado. Mas, pergunto eu, na minha inocência, será que só o Estado tem dinheiro ou estará mesmo tudo em crise? Antes de responder, e porque não achei graça à forma como as pessoas leram o ponto de interrogação, "diz lá, ó espertinho!" ou "vai sair asneira", deixem-me apontar outro exemplo - futebol distrital no Algarve. Há muito que dezenas de clubes se vinham a arrastar, ano após ano sucediam-se as desistências e faziam-se contas ao impossível. Este ano, desapareceram vários clubes. A razão? Existem algumas.

O desporto algarvio, tal como sucede em muito sítio, subsiste à base de apoios autárquicos e subsídios do Estado e seus tentáculos. Essa vida, meus amigos, acabou, e já vai tarde. Um país como Portugal, de maus governantes em várias frentes, não pode resistir à base de subsídios. É preciso algo sério. Os treinadores levam as competições na brincadeira, os treinos são aceites por carolice e as organizações são amadoras. Os clubes são conjuntos de amigos e conhecidos que tentam brincar às casinhas com o dinheiro dos subsídios. Isso é, inevitavelmente, insustentável. É bonito meter uma fotografia no Facebooki de um jantar de Natal da colectividade lá da zona ou uma foto dos equipamentos novos com um logótipo desenhado pelo tio do fundador do clube ou os miúdos todos limpinhos com uns fatos de treino de uma marca chinesa e uma grande imagem a dizer Câmara Municipal. Mas essa tendência tende a acabar. Os clubes pequeninos vão desaparecendo, os pequenos têm de crescer e os que têm a mania que são grandes acabam. Patrocínios, apoios, trocas de favores, ajudas de custos, responsabilidade social... Não me vou alongar, hoje, por nomes teóricos e questões de comunicação. Vou falar como se fosse leigo.

As autarquias têm um montante para apoiar o desporto, lá distribuem aquilo da forma que lhes apetece, e os clubes ficam todos contentes, tratam das inscrições, da papelada, dos equipamentos, dos funcionários e, se sobrar alguma coisa, fazem uma gala no final do ano para beberem uns copos. Alguns visionários já descobriram que isso não é futuro, aliás, já não é sequer presente. No meu tempo, o clube dava muito e de mim não recebia nada, para além do meu imensurável talento para o desporto. Surgiram os sócios nos clubes pequenos que vão pagando curtas quotas e os jovens pagam uma mensalidade para praticar desporto. Pois bem, eu, apesar de ter uma licenciatura aos 23 anos tirada em seis semestres, digo que os clubes são mal geridos. Existe um mal neste país. Um gajo paga uns copos aos amigos no café, não tem dívidas na padaria, tem um negócio ou uma profissão à maneira, sabe ler e diz umas coisas engraçadas, é um bom candidato a presidente. Curiosamente, vislumbro aqui uma ligação de critérios entre os clubes mais pequenos e os clubes grandes...

in: sulinformacao.pt

Se todos fossem como o Futre já o desporto português estava noutro patamar. O Sporting foi buscar um indiano, que nem joga, e têm patrocinadores a pagar o ordenado ao rapaz, fizeram reportagens e até havia ideia para um reality show sobre a vida do Chhetri. Nos Estados Unidos os patrocinadores pagam estádios, dão orçamentos aos clubes, pagam salários a desportistas, oferecem equipamentos. Em Portugal, vive-se do Estado. Lembro-me de uma excepção: o Sporting de Braga fez um acordo com a AXA que resultou no naming do Estádio Municipal de Braga, no patrocínio da camisola e num orçamento para transferências, e o Braga ficou em 2.º lugar no campeonato, foi finalista na Liga Europa e jogou na Liga dos Campeões. Vamos deixar de viver do Estado? Boa? Volta ao Algarve, se me estás a ler, ignora o patrocínio da Santa Casa, vai vender a Volta aos bancos, às cervejarias nacionais e internacionais, às casas de apostas, às telecomunicações, às seguradoras, às agências de segurança, faz um acordo com restaurantes, hotéis, rent-a-cars, restaurantes, papelarias... para eliminar os gastos extra. A Volta ao Algarve tem melhores ciclistas que a Volta a Portugal e até teve direito a transmissão na Eurosport e RTP 2. Outra ideia, o turismo algarvio não tem qualidade nem entretenimento, vamos fazer da Volta ao Algarve um evento turístico? Entreguem a organização a uma agência de comunicação e marketing, as agências de viagens e os hotéis criam pacotes especiais, organiza-se uma feira tradicional que segue a caravana. Um esforço que a região pede, para acompanhar com uma fatia de pão e um copo de vinho.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Vou escrever um livro! - Parte I

Vou escrever um livro. É verdade. Com tanta maluquice e estupidez neste mundo, ninguém se vai ralar no caso de eu conseguir publicar isto. Como tal, vou fazer de vós minhas cobaias. Vou atirar contra este teclado (finalmente, o meu computador voltou! Teve de levar um processador novo e está impecável) alguns excertos dessa obra que irá chegar ao top de vendas! Pelo menos na papelaria aqui da rua, é um negócio de família, a mulher fica na papelaria e o esposo explora um café logo ao lado, compro o jornal, pisco o olho à senhora, pisco o outro olho à filha do casal, que até é bem jeitosa e acho que não tem namorado, e vou beber um café e falar sobre bola com o sr. Fernando. Quando tiver um livro, há-de estar à venda ali!

"E ele pega no microfone, calmamente cambaleia em direcção às colunas, num salto consegue pôr-se em cima do palco, quase por milagre não cai. Habilmente baixa a cabeça e descai sobre o ombro direito, segurando o microfone na mão esquerda, e começa a estalar os dedos ao som da música, ou num tom semelhante. Na sua postura mais sensual possível joga o microfone contra os lábios e balbucia,
“This thing called love
I just can't handled it
This thing called love
I must get round to it
I ain't ready
Crazy little thing called love”

De seguida sobem duas raparigas ao palco, uma loira nos seus trinta anos e uma morena com pouco mais de 20, cada uma mais bela que a outra. No entanto, as capacidades avaliadoras também já não estão na sua melhor forma e o cantor lá se deixa abraçar pelas duas beldades, quase deixando cair o microfone e perdendo-se na música. Fraca actuação, muito olhar trocado com a loira, para inveja da morena. E eis que a música chega a uma parte em que é só instrumental e o artista do microfone decide dançar com a morena, corpo com corpo em movimentos sensuais, segura na mão da rapariga e nota que tem olhos cor de avelã, fá-la rodar sobre o seu braço e aproveita para trocar olhares com a loira, que agora se roía de inveja enquanto tentava inventar uma coreografia a solo. Termina o instrumental com um beijo na face da morena de olhos cor de avelã, mesmo junto aos lábios doces, contudo não há tempo para mais, o artista regressa à cantoria ainda mais desafinado mas com um novo brilho no olhar e uma postura de Elvis Presley numa imitação de Freddie Mercury. Entretanto as bailarinas começam a mostrar-se inquietas quanto às preferências do artista e começam a sair do palco. O Elvis ajeita o cabelo e convida a morena,
“And take a long long ride on my motorbike
'Til I'm ready
Crazy little thing called love
You crazy little thing called love
This crazy little thing caaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalled looooooove...”.

E assim chega ao fim o vídeo, desligo o telemóvel e volto a tentar dormir. Na minha cabeça volto a reconstruir esse dia. Era Primavera, uma noite de Sábado, casamento do meu melhor amigo, o Rafael, eu era o padrinho e fiz questão de o envergonhar à frente da família da sua futura esposa, a Rita, e também consegui envergonhar-me a mim. A morena, por exemplo, era a irmã mais nova da Rita e lembro-me, perfeitamente, de ela me ter proibido de me aproximar da sua mana. Eu percebi algo como, “aproxima-te da minha mana”, e não perdi nenhuma oportunidade para meter conversa com ela. Não sei se resultou ou não, acordei no dia seguinte num quarto de hotel ao lado da loira, e desde então não mais vi “a mana mais nova da Rita”. Mas foi uma cerimónia bastante bonita. Por bom senso tínhamos antecipado a despedida de solteiro para a véspera da véspera do casamento, de modo a garantir que todos iriam estar minimamente apresentáveis para o dia mais feliz da vida do Rafael. Mas foi uma manhã dos diabos..."

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

No meu tempo de garotagem...

Nos meus tempos de garotagem, os intervalos, da escola, eram uma animação. Jogávamos ao berlinde, aos tazzos(!), à bola, ao jogo do 20, encestávamos bolas, jogávamos à mosca! Até me lembro de tentar jogar ao pião, algo que nunca consegui fazer, sempre me deram piões estragados que não rodavam. Jogávamos Pokémon, Magic, ping pong, ténis de mesa (conheci uma vertente bastante engraçada em que usávamos quatro ou seis mesas para fazer de rede, no resto, era igual ao ping pong). A juventude de hoje em dia deve pensar que cresci na Idade Média ou que joguei à mosca com o Infante D. Henrique. Mas não, já nasci no século XX. Ipads? Iphones? PSPs? Portáteis? Não me lembro de nada disso. Quem tinha um GameBoy era rico! Quando saiu o GameBoy Color parecia um filme de ficção científica! Telemóveis? Ter um 3310 era ser fixe, ter um 3330 era o maior!

Nos meus tempos de garotagem, se o Manel chama-se "maricas" ao Xico (nomes fictícios), a turma toda se reunia para ver o Xico a dar umas lambadas no Manel. Ou o Manel a dar no Xico, variava. Fazia-se uma roda, o Manel voltava a chamar "maricas" ao Xico, o Xico dizia "repete lá isso", o Manel voltava a chamar "maricas" ao Xico, o Xico insultava a mãe do Manel, o Manel insultava a mãe do Xico, e andavam naquilo até que alguém lá atrás, já cansado de tanta conversa fiada, murmurava "eh, eu não admitia". Esta frase, dita na altura errada, era capaz de despoletar a fúria no betinho mais calmo da escola. Se havia coisa que fazia a garotagem do meu tempo se passar da cabeça era alguém dizer "eh, eu não admitia". Ninguém, meus amigos, ninguém admitia! Às vezes já ninguém sabia em que ponto ia a conversa, contudo, ninguém admitia! A seguir, era tareada de meia-noite! Ou vá, três ou quatro murros e alguém aparecia a separar os dois gaiatos. Um puxão de orelhas a cada um e iam todos para a aula. Durante um ou dois dias não se falavam. Depois, já ninguém se lembrava. Ou o Xico tinha um tazzo que o Manel queria ou faltava algum jogador na equipa do Manel e ele chamava o Xico. Faziam as pazes e voltavam a ser amigos. Com as raparigas, coisa parecida. Havia mais puxões de cabelos e arranhões mas o final era igual. Ficavam três ou quatro dias sem se falar e depois voltavam a fazer missangas juntas e aqueles joguinhos do quantos queres?. As raparigas sempre levaram os assuntos mais a sério que os rapazes.

Greves. Era uma festa. Cheguei a perder intervalos a tentar convencer as funcionárias da cantina a ficar em casa. Se não houvesse funcionárias suficientes na cantina e no buffet, a escola não abria. Dia de greve era fatal, quem podia, chegava atrasado, na esperança de receber uma mensagem com as palavras mágicas: "não há aulas". Outros dias só à chegada à escola sabíamos que os portões não iam abrir. Era uma festa. Íamos logo a correr pegar na bicicleta para ir dar uma volta pela localidade. Só voltávamos para casa quando a fome fosse mesmo grande, mas mesmo grande.

Hoje em dia, vejo pais à porta da escola a reclamar das greves, alunos expulsos por chamarem nomes aos colegas, pais que levam a sério uma lambada que o professor deu no aluno ou uma nota negativa. Este mundo já não é aquele que eu conhecia. Tenho saudades de ser gaiato e andar à biqueirada com o Xico (que, mesmo que hipoteticamente, é o mais lingrinhas). Atirar bolas para fora da escola e ir a correr procurá-las no descampado. No Carnaval chegava a casa encharcado, por vezes engripado, mas sempre contente. "Este ano fiquei mais molhado que tu mas para o ano vingo-me, junto mais três ou quatro amigos e logo vês". Tempos em que me atrasava para ver o Yu-Gi-Oh ou corria para chegar a casa a tempo do Dragon Ball. Bons tempos, meus amigos, bons tempos...

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Os relatos da bola

No outro dia, sintetizei uma rádio regional, para ouvir um relato de bola, e tive saudades dos meus tempos de rádio. Sempre ouvi falar no "bichinho da rádio" e o sacana existe mesmo. O relato que estava a ouvir fazia-me doer o coração, de mau que era, contudo, fez-me pensar na minha juventude, na altura em que eu falava para umas poucas dezenas de pessoas do outro lado dos cabos e computadores que alimentavam a emissão. Adorava aquilo.

É verdade, a minha primeira experiência pseudo-profissional foi no jornalismo. Vendo bem, já foi esse o meu sonho. Penetrando no mundo do jornalismo regional aos 16, numa editora que tinha um quinzenário e uma estação de rádio, aos poucos fui ficando apaixonado por aquilo. Entrei pelo jornalismo escrito mas em três meses surgiu o convite para a rádio - um relato de um jogo de futebol em directo. Abalei à aventura. Condições: um telemóvel para onde o meu colega iria ligar e eu entrava em directo na emissão, pouca rede para garantir a qualidade de som, um caderno para apontamentos, uma caneta (vale a pena explicar para quê?). Duas equipas desconhecidas para mim, um campo de futebol de terra batida no meio de um monte, ausência de cadeiras e um vento horrível. Lá fui eu, às cegas, à procura da ficha de jogo. Pobre inocência, só havia uma folha com o nome dos jogadores - a do árbitro. Lá inquiri uns dirigentes e consegui construir a minha ficha de jogo. A meu favor tinha os conhecimentos básicos de um amante de futebol e a "pespinetice". O telemóvel toca, lá andava eu a tentar escrever o nome dos jogadores segurando o caderno numa mão e a caneta na outra, atendi, estava na hora, ia entrar em directo. Nervoso miudinho e... silêncio, a emissão era minha, ia atirando as palavras cá para fora com um toque à Gabriel Alves, uma gíria futebolística aqui, uma informação pertinente acolá, o vento insistia em virar a página enquanto tentava ditar o alinhamento das equipas. Em menos de dois minutos já os conhecia todos, do guarda-redes ao ponta-de-lança. Quem estivesse a ouvir julgava que eu acompanhava aquelas equipas há vários anos. A partida terminou com 0-2 no marcador. "Lá vai a equipa da casa a tentar sair para o ataque, Celso, o capitão, joga de cabeça levantada, procura meter a bola num companheiro mas é desarmado, pode ser um contra-ataque perigoso. Zé tem Chico a desmarcar-se pela direita e apressa-se a colocar lá a bola. Chico domina de calcanhar e tira um adversário do caminho, que lance magnífico, pode cruzar, mas não, entra na grande área e vai tentar o remate... contra as pernas de um defesa mas o lance ainda mexe, que grande confusão na área e é golo, é golo, é GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLOOOOOO... Mas que grande atrapalhação. É o 0-1 no marcador. Contra-ataque rapidíssimo, só podia terminar no fundo das redes". (Os nomes não correspondem à realidade) Relatei dois golos em directo. Uma jogada atabalhoada com um pontapé de ressaca (sem sala de imprensa tentei colocar-me num local abrigado do vento e nem consegui ver quem tinha marcado) e um penálti, que gritei como se não houvesse amanhã. Hoje penso que talvez tenha exagerado no grito mas estava com fezada, aquela bola ia entrar e eu ia fazer a festa do golo! "Eriton prepara-se para a cobrança da grande penalidade, pode fazer o 2-0, olha para a bola, respira fundo e ataca a redondinha... GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLOOOOOOOOOOOOOOOO! EEEEEERIIIIITOOOOON a fazer o segundo da partida. Bola para a direita, guarda-redes para a esquerda e a meia dúzia de adeptos da equipa forasteira fazem a festa em Boliqueime".

Antes dos 17 anos já era apresentador, repórter, jornalista, editor, coordenador e técnico de um programa de rádio e de uma secção num jornal. Fui crescendo lá dentro. Confiavam em mim. Dominava a mesa de mistura e os programas de edição com facilidade. Controlava a emissão tão bem como os meus colegas, com cursos e experiência, bons profissionais. Em quase quatro anos de rádio, raramente baixei os braços. Faltavam apoios financeiros, faltavam recursos humanos, mas lá estava eu, pronto a levar a emissão até aos ouvintes. Poucos, muitos, não importava, eram os meus ouvintes, o meu programa, não os ia deixar ficar mal. Aprendi muito comigo mesmo e só cometia os erros uma vez. Perfeccionismo, responsabilidade q.b., perserverança, gosto e vontade de me sentir orgulhoso do que fazia. Vou fechar os olhos um bocadinho e deixar que a nostalgia tome conta de mim...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Problemáticas do dia-a-dia - Parte II

Pois bem, é tempo de chegar à prometida (e aguardada) parte II deste tema que afecta toda a gente, e quase ninguém. Vou continuar na estrada e no trânsito caótico da Grande Lisboa.

Passadeiras. Quem foi o estúpido que inventou estes riscos na estrada? Isto é para gozar com alguém? A sério que pensaram que isto ia ser útil? Pois fiquem sabendo que as zebras são perigosas! É verdade! Perigosas! Causam acidentes! Causam atropelamentos! Causam muitas coisas! As pessoas não sabem porque raio existem riscos na estrada! Ninguém sabe como utilizar aquilo! Eu, e o meu colega da Covilhã, que me pagou 14 euros para colocar aqui uma referência a ele, andamos a reparar nisto há uns tempos.

Partindo de uma base lógica: sem passadeiras, as pessoas prestavam atenção ao trânsito e atravessavam em segurança. Com passadeiras: atiram-se à estrada na confiança de que nenhum carro lhe pode tocar naquele espaço. Sim, há pessoas que julgam que as passadeiras são escudos. Naqueles riscos gatafinhados na estrada, ninguém me pode tocar, todos os carros irão parar ao aproximar-se do meu escudo. É o esconderijo do jogo da apanhada! Enquanto ali estiver, pode o mundo desabar que eu vou sobreviver, ali! Taxistas a grande velocidade e camiões desgovernados vão esbarrar no escudo e eu vou sair imune, do outro lado da estrada. Estúpidos! E depois há aquelas pessoas que se jogam, inevitavelmente, para cima dos riscos, quando estão veículos a passar. O pára, escuta, olha para esquerda e para a direita, não existe mais quando se descobre a magia de saltar para a passadeira quando os carros estão a chegar. É um misto de perigo e estupidez que faz do mais cuidadoso condutor, um serial killer. E é contra essas pessoas que me revolto. Não me aconteceu nem uma, nem duas, nem três, nem quatro, nem não sei quantas vezes. Mas já aconteceu. Vou na estrada, tranquilamente, e há pessoas que vão a correr em direcção à passadeira só porque está um carro a chegar. Atrás não vem carro nenhum mas a pessoa quer passar na frente do carro e passear as calças novas. Já vi pessoas junto a passadeiras e podem estar lá meia hora, contudo, assim que um carro se aproxima, faz-se luz, a pessoa lembra-se o que estava a matutar há dois quartos de hora, a vontade de atravessar a estrada.

Por isso, e porque ninguém me impede, lanço aqui o apelo: vamos acabar com as passadeiras. No sítio onde eu nasci, se procura-se uma passadeira sempre que quisesse atravessar a estrada, tinha de fazer 4 km para ir à horta buscar uma alface. E nunca ninguém foi atropelado naquela estrada! E vamos deixar de ficar à beira da passadeira até passar alguém. Se eu vejo um indivíduo junto a uma passadeira durante cinco minuto, não estou à espera que a pessoa se jogue à estrada naquele preciso momento. Pode ser? Um abraço.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Problemáticas do dia-a-dia - Parte I

Venho, em formato duplo, lançar o meu desagrado para com a falta de civismo do povo lisboeta (e contra todos os outros que habitam neste espaço denominado de Grande Lisboa!). Amanhã, se a memória não me falhar, lançarei o repto final sobre esta problemática que afecta quase todos e, ao mesmo tempo, quase ninguém!

Então não é, vejam-me bem isto, que hoje, no trajecto que habitualmente faço em direcção à labora, deparei-me com três acidentes. Estou a referir-me a menos de 10 km de viagem naqueles ICs e auto-estradas que entram por Lisboa adentro. Exactamente, três acidentes. Ora, isto é uma situação que, inevitavelmente, leva a trânsito lento, abrandamentos desnecessários, aquele pára-arranca irritante... e já para não falar do risco de mais acidentes. Segundo o CSI, no qual eu faço de Horácio, os acidentes têm algo que os liga: burrice dos condutores e desrespeito pelas regras e civismo da condução. Não me venham com tretas! "Ah e tal, ninguém bate de propósito...", "Ah e tal, foi involuntário...", "Ah e tal, pode acontecer a qualquer um...", "Ah e tal, o tanas!". Há sujeitos, isto vi eu, ninguém me contou, que se lançam à estrada nos seus bólides com um objectivo definido: espatifarem-se! É verdade, não me atirem areia para os olhos! (a sério, não atirem mesmo, depois um gajo fica com aquela irritação no olho e é uma chatice para tirar os grãos todos da vista) Eu vejo, na cara das pessoas, a raiva pela estrada, o olhar profundo a pensar "vou partir esta traquitana toda e vou lixar o dia a alguém". Eu vejo isso na cara dos condutores do dia-a-dia.

Razões. Durante o dia debrucei-me a pensar nisso, até posso dizer que foram cinco minutos de elevada qualidade num brain storming solitário, e cheguei a estas conclusões. 1 - Há estupores, não há nome mais simpático que isto, que entram na estrada com este pensamento "preciso de uma pintura no pára-choques, vou-me pôr a jeito para levar um toque e alguém vai pagar a pintura". E isto acontece, sujeitos que deixam o carro descair num mau ponto de embraiagem e quem vem atrás é declarado culpado e abarca com a conta. 2 - Há energúmenos, não existe palavra mais fofinha, que têm sempre prioridade. Esses são do piorio. Uso de piscas é facultativo, independentemente do que digam os sinais os outros que parem, em qualquer circunstância é ele o primeiro a avançar. Hoje estavam dois enfaixados numa rotunda, duas faixas, o de fora queria continuar na rotunda, o de dentro queria sair, resultado: uma porta para dentro e uma rotunda inutilizável. 3 - Há estúpidos, agora até fui querido, que vivem da adrenalina, do risco, das razias estúpidas, das ultrapassagens perigosas, das travagens sem razão, da rebeldia, da não-utilização dos espelhos. Bestas também seria um bom nome. 4 - E último: mulheres e velhotes. A sério, quem são os idiotas que dão carta de condução às mulheres? Elas usam os espelhos para pintarem os olhos e não para ver a estrada! Elas usam o porta-luvas para guardar o estojo de maquilhagem! Elas vão na estrada a ver os cavalheiros jeitosos que conduzem nas redondezas! Elas largam o volante para acenar às amigas! Por favor, alguém pare com esta brincadeira de mau gosto. Mulheres encartadas? Parece que estamos a jogar Gran Turismo em modo Very Hard... E os velhotes são dos piores. Podem fazer tudo.

Deixo aqui esse conselho a todos os que lerem este rabisco: não deixem as mulheres sentarem no lugar do condutor e tenham mais atenção à estrada. Nos dias de hoje há pessoas que mal ganham para pagar o combustível e que não conseguem pagar o arranjo dos veículos. Pode ser? Um brinde a vós, e acompanhem com uma fatia de pão que sempre disfarça.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sou um gajo difícil mas fácil

Sou um gajo difícil. Tenho uma personalidade forte, sou chato, sou teimoso, aliás, sou casmurro, sou frio, sou insensível, sou bruto, sou perfeccionista, sou derrotista, sou pouco inteligente. Tenho muitas manias, mania que tenho piada, mania que sou engraçado, mania que sou bom comunicador, mania que percebo de desporto, mania que tenho qualidades, mania que sou bom em alguma coisa, mania que faço tudo bem, mania que consigo o que quero. Porém, e ao mesmo tempo, sou um rapaz fácil. Fácil de agradar, fácil de convencer. Simplesmente sou fácil em coisas nas quais não sou difícil (faz sentido?).

Às vezes perguntam-me se quero ir beber um café, eu digo que sim, perguntam se tenho alguma preferência, para mim é igual, sugerem um local e pronto, lá vou eu. Fácil. Vou às compras e não vejo nada que gosto ou que me agrade, não compro nada, mas se vejo alguma coisa que gosto, compro. Fácil. Uma rapariga bonita pisca-me o olho e eu fico apaixonado. Fácil. A minha mãe convidou-me para ir almoçar a casa dela, aceitei, perguntou o que queria, sugeri peixe, apetecia-me douradas no forno, disse-me que tinha safias na arca, aceitei. Fácil.

Tendo em conta a facilidade com que digo sim, se fosse uma mulher seria uma grandessíssima galdéria... És boa como o milho, vamos para a cama? Sim. És feia que nem uma carroça, queres ir para a cama? Sim. Metes-me nojo mas comia-te. Sim.

Entretanto, ainda bem que sou macho. Segundo a sociedade contemporânea, posso fazer o que quiser só porque tenho pila. Venha de lá uma fatia de pão e um copo de vinho!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Sou um ciborgue

Ultimamente tenho estado sem computador (antes que certas mentes evoluídas se questionem como raio estou a publicar um texto online sem computador, apropriei-me do calhamaço de outra pessoa, óbvio) e sinto que estou a viver nos anos 90. A sério. Passo o dia em frente ao computador mas, assim que deixo o escritório, adeus internet, adeus FM, adeus fotos de miúdas peladas e vídeos de chapagem. Continuo a ter televisão e telemóvel e, por vezes, tal como agora, aproveito a ausência dos donos para ligar-me ao mundo.

Estar sem computador é estar noutra dimensão, é viver noutro século, é estar sozinho no mundo. Já nem me lembrava que podia usar o telemóvel para falar com outras pessoas ou mandar mensagens a combinar um jantar ou uma saída. Pensava que isso era um uso quase exclusivo da internet. Só para verem como eu me sinto um homem das cavernas, ontem dei por mim a fazer uma fogueira para cozinhar o jantar. Foi uma chatice, o meu colega de casa chegou e mandou-me limpar aquilo tudo. Para além de ter caruma em todo o lado, queimei um cortinado e o chão. Mas há uns dias que ando estranho, noutro dia dei por mim a tentar mandar sinais de fumo pelo exaustor. Queria convidar um amigo para ir ver a bola ao café e estava sem saldo no telemóvel. Em compensação, tenho saído mais vezes de casa. Não tenho computador, não tenho nada para fazer em casa, mais vale ir dar uma volta e conviver um bocado.

Entretanto, ando aí com uns projectos deveras interessantes mas que estão presos por detalhes, que é como quem diz, não consigo avançar porque me falta essa coisa do computador. É esquisito tentar pegar numa esferográfica para criar algo. Posso fazer rabiscos ou anotar algo à pressa, contudo, não consigo atirar ideias para uma folha de papel. Não dá para apagar e voltar a escrever e escrever por cima e acrescentar um ponto lá atrás e alterar o sentido da frase. Raios, sou um ser humano formatado para viver agarrado a uma máquina. Ai a minha vida...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Descontes fantásticos nas auto-estradas à borlix!


Curto bués quande o Governo cria tipo cenas para descontruir outras cenas outrora criadas por eles e que, vamos lá a ver, supostamente, chegam e tipo são para que o povo fique feliz e menos pobre.

Atão né que agore decidirem fazer um desconte nas ex-SCUT, de 15%! O pessoal até já ia lançar foguetes porque com menos 15% aquilo vai gerar enchentes e enormes afluências de veículos motorizados e autorizados a circular nessas vias que nem vai haver alcatrão para tamanha procura! Por outro lado, coisa que ninguém acha importante e que até ninguém sente a diferença, decidirem tirar aquelas 10 viages que a moçada tinha para passear nas ex-SCUT durante o mês. Ora, antes fazíamos 10 viages de borlix e tínhamos que a pagar as outres e agora pagamos logo todas. Assim, realmente, é mais fácil. Ê, que por acaso até sou daqueles que deixou de viajar nessas ditas SCUT (aquelas que eram de borlix e que depois deixaram de ser), estive fazendo contas e o mê resultado foi este: temos que passare muitas vezes pelos pórticos para, interiormente, pensarmos que estamos a poupar dinheiro e que o estade é nosse amigue.

Uma boa idêa que ê cá tive no outre dia era a seguinte: voltávames a ter SCUTs, que vende bem até quer dizer borlix, e os únicos veícules a pagar portages eram os do governe e dos ministres. Em todo o lado. O sôr ministre quer ir à pastelaria ao funde da rua e pega no carre, pimbas!, 0,5€ de portage; o sôr ministre quere ir de férias ao algarve, 60€ em portages; o sôr ministre quer ir visitar a sogra (não quere, mas a mulhere obriga!) e pimbas!, 100€ em portages. Mas não vale pagare com o dinheire dos contribuentes que nós já estames a pagare as vossas dívidas à Europe e a mêio munde.

Vamos lá dormitar sobre o assunte rapaziada! E que venham daí descontes destes que a gente fica feliz, ou não...

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Gato, o chamariz de garotas

A minha humilde habitação vai receber um novo membro: um gato. É verdade, eu e os meus colegas decidimos (após uma sessão de lutas de almofadas e puxões de cabelos repletos de insultos) arranjar um animal de estimação. O rapaz ao lado do meu quarto foi quem mais ripostou, dizia ele que os restos da comida eram seus e não ia partilhar com um saco de pulgas. Contudo, demovi-o com uma grade de minis e um pires de tremoços.

O que é fantástico. Moro num duplex, ou "palace" como lhe chamam as pessoas (ok, só eu e um dos meus compinchas). E vou ter um gato, um felino, fofo, meigo, brincalhão, um chamariz de raparigas. Assim que a notícia se espalhar, a minha casa vai ter mais afluência feminina que os saldos da Zara. Vão cair que nem tordos. Até já me estou a imaginar deitado no sofá, com o felino no colo, e meia dúzia de loiras esculturais à minha volta. Ansiosas por fazer uma festinha ao ser mais fofo das redondezas.



E pensei em jogos para fazer com ele. Para além de o ensinar a tocar piano, porque um gato em si já é um chamariz de raparigas, um gato a tocar piano traz a Jessica Alba lá dos States só para lhe fazer uma festinha e ampará-lo no seu peito, bem aconchegado e a ronronar... Portanto, vou comprar uma tamiça, ou uma corda, vá, e ato no gato, depois atiro-o pela varanda e seguro na outra ponta - bungee jumping felino! Vai ser um espectáculo ver o gato a voar seis andares e depois voltar para cima com um ar descontraído e sedutor, tipo iô-iô. As miúdas devem adorar gatos radicais!

Só falta descobrir um nome para o bichinho!

Ai Belzebu, bora ser diferentes!

Eu não sou esquisito. Mas, por vezes, sou picuinhas ou comichoso. Gosto disto, não gosto daquilo, tolero algumas coisas, odeio muitas coisas. Tenho algumas preferências clubísticas, alguns gostos musicais, alguns gostos fílmicos e literários. Gosto de cenas que pouca gente gosta e odeio alguns sucessos de bilheteira. Bem, no fundo, todos somos um pouco assim.

E é curioso. Não sou psicólogo nem nada que se pareça. Observação escusada, até. Porém, seria idiota dizê-lo sem um sentido. Não percebo muito de pessoas, mas não há pessoas iguais. É impossível traçar um perfil igual a outro. Sou moreno, oiço José Cid e gosto dos filmes do Tarantino. Mas nem todos os ouvintes de Cid gostam de Tarantino, ou vice-versa.

Afinal, o que é cultura? Cultura literária, cultura fílmica, cultura musical... cultura. Quem decide o que é cultura? Serei anti-cultura portuguesa se não gostar de Saramago? E há muito que digo que se enganaram no prémio. Um serralheiro mecânico ganhou um prémio nobel da literatura, enfim. Até o Ministério da Cultura fecharam e abriram um gabinetezito num vão de uma escada para tratar do cultivo dessa coisa. Autores, músicos, realizadores, actores. Que classe é essa? Será Morangos com Açúcar, um sucesso de bilheteira, o melhor filme português de todos os tempos? Será Tony Carreira o porta-estandarte da música portuguesa? Será tudo o que é português mau? Concordo com tudo e ainda discordo muito mais. As nossas diferenças fazem com que não sejamos todos iguais.

E por isso não troco um concerto de José Cid por um concerto dos Pearl Jam nem tão pouco um livro sobre futebol por um best-seller do Dan Brown. Ainda bem que posso escolher. Agora está na moda ver reality shows vazios de cultura, e todas as semanas batem recordes de audiências. Eu vejo, às vezes, e não tenho vergonha de o dizer. Riu-me daquelas palhaçadas, aprecio as jeitosas que se passeiam em trajes menores, faço piadas com eles e uso frases no meu dia-a-dia. Se calhar, como disse em tempos um professor que tive, "vejo... para descultivar o cérebro". Também deve fazer falta. Até a terra, quando não descansa, deixa de ser produtiva. É isso mesmo que vou fazer. Vou ligar a tv e descultivar um pouco o cérebro.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O final do Verão



Lá andava o rapaz a correr e a pular atrás do avô. Às vezes ajudava, com as mãos pequenas e um minúsculo sacho. Fazia festas na terra mas para ele era como se estivesse a cavar metade da horta com cada cavadela. Outras vezes, na sua maioria, claro está, só incomodava. Tropeçava no próprio chão e, volta e meia, lá ia o joelho contra uma pedra e as pobres calças, já remendadas, teriam de passar novamente pelas mãos habilidosas da avó.

O final do Verão era marcado, todos os anos, pela mesma imagem. Vendo bem, é das melhores e mais presentes recordações que lhe restam.

Acordava, com o Sol já forte, apesar de pouco passarem das oito da manhã. Espreitava pela janela do seu quarto e lá ia o burro, com um velhote às costas e umas cestas. Nas cestas ia o trabalho do ano, ou pelo menos uma parte, em direcção à vila onde esperava arrecadar umas moedas e trocar o resto por sementes. O produto da horta alimentava a casa mas só estas visitas à vila podiam pagar o gasóleo do tractor ou os medicamentos para as dores do corpo, pobre coluna sempre a queixar-se e um andar coxo ao qual se tinha habituado ainda em boa idade, eram o suficiente para acompanhar o pão com doce pela manhã. Uma chávena de café, uma fatia do pão amassado pela esposa, um bocado de doce de tomate ou de compota, consoante a sorte, e dois comprimidos que um médico, na altura português, lhe receitou para poder trabalhar mais uns anos. Passava-se a semana e todos os dias a mesa era posta para um a mais. À hora da ceia todos olhavam para o canto da mesa, ainda órfão do patriarca da família. Do seu lado a velhota suspirava e ansiava pelo seu regresso. E que desta vez trouxesse alguma surpresa ou boas novas da vila. Por vezes ficava a saber que um amigo de infância tinha falecido ou que o filho do Zé do talho estava emigrado para França ou que o filho do carteiro Manuel tinha casado com uma moça da cidade e se tinha ido embora. A malta jovem queria ir embora, recusavam pegar na enxada. Que futuro dava uma leira de batatas ou uma fileira de macieiras? Estava na moda ir para o estrangeiro ou fugir para as cidades. Dava dinheiro trabalhar num escritório pequeno sem ver a luz do dia, preencher papéis, estudar até não poder mais. Ou então ir para a hotelaria. Muitos diziam fazer lá bom dinheiro. Mas o pequeno rapaz todos os dias esperava junto ao caminho com o seu sacho na mão. “Ainda não é hoje que o avô chega”, pensava ele quando o Sol desaparecia no horizonte. Até que chegava o dia. Ao longe, normalmente pelo final da tarde, surgia uma silhueta ao fundo da estrada. Estrada de terra, trânsito inexistente. Lá vinha o homem com um pau às costas, uma cesta na ponta do pau e um par de botas ao pescoço, novas, na mão trazia um cacho de bananas. Ao entrar em casa piscava o olho ao pequeno, escondia as bananas e dava um beijo na esposa. Mas a resposta não se fazia esperar, “Pronto, vendeste o burro e agora quem vai lavrar a terra? E para que precisas das botas? Ainda o ano passado compraste umas novas! Meu Deus, que vai ser de nós agora sem o animal. Conseguiste ao menos comprar sementes?”. Era então que puxava das bananas. Ali na vizinhança não havia bananas, e ele gostava, e a esposa ainda gostava mais. A discussão acabava logo, na semana seguinte já tinham novo burro, comprado por metade do preço a um amigo ali de perto.

A vida continuava. E, inevitavelmente, o final do Verão era anunciado pela viagem do burro a caminho da vila. Na chegada, durante anos assim foi, lá vinha o velhote com um pau às costas, um par de botas novas ao pescoço e um cacho de bananas na mão.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Desabafos de um benfiquista

Por norma, evito falar de futebol. Não que não veja ou que não goste de opinar, simplesmente sou uma pessoa ideias muito próprias. Se Mourinho é "o Único", eu sou "o Tiago Marquês Francisco". Tenho esse direito (e meia dúzia de documentos que corroboram a minha afirmação!). Agora, que fechou a Feira da Ladra dos Futebolistas, decidi opinar neste espaço. E hoje vou debruçar-me sobre o Benfica.

Mas antes, uma salva de palmas. O re-aparecimento das equipas B veio trazer magia ao futebol português. Alimenta a competitividade da Segunda Liga e serve de rampa de lançamento (e de afirmação) para o futuro da selecção nacional. Só espero não ver o tempo de Norton de Matos desperdiçado com a falta de ambição de certos indivíduos.

Quanto a saídas e entradas: para que raio existe a UEFA? Em certos países só se pode contratar até dia 1 e os milionários russos e franceses têm dias extra? Porque razão? Porque raio começam as competições com o mercado aberto? Como é que Javi e Witsel saem com o mercado praticamente fechado?

Ola John, o senhor 9 milhões, não sabe o que fazer com a bola. Não sei se desaprendeu a arte do futebol durante as férias ou se foi substituído por um cyborg mas não consegue acertar um passe nem tão pouco uma finta. Pré-época finda e nem três euros o rapaz valia. Salvio, bom jogador. No jogo com o Nacional, que de futebol pouco teve, foi uma lufada de ar fresco. Tem raça, velocidade, técnica, cruza bem, aparece ao segundo poste a finalizar. Foi caro, mas vai dar muitas alegrias ao Glorioso. Lima, ainda não se mostrou, mas é um excelente jogador. Desde Julho que digo, o ataque encarnado devia ser: Lima, Rodrigo, Nélson Oliveira e Kardec (é preciso alguém para servir de aguadeiro). Cardozo vendido por 10 milhões era lucro. Pode marcar golos, e marca, pode saber bater penáltis, e sabe, mas é zero em futebol. Raramente cria uma jogada, mal sabe dominar uma bola, protege mal a bola, não corre e desiste dos lances facilmente. Não me cativa, prefiro futebol a matraquilhos. Onde anda o lateral-esquerdo contratado ao Paços? E não falo do Melgarejo, que como avançado marcou mais golos que o Rodrigo mas nã tem cultura defensiva.

Saídas: adeus Emerson e Capdevila, duas novelas criadas por JJ; adeus Saviola, obrigado pelo título em 2010 mas claramente em quebra de forma e sem espaço nas opções do JJ; adeus Djaló, nem vale a pena comentar; adeus àqueles que não chegaram a entrar, adeus Javi e Witsel. O Benfica perdeu, no final do mercado, os dois pulmões, assusta-me, mas compreendo. Javi foi para o campeão inglês, Witsel para o campeão russo, dinheiro, títulos, Champions. O Benfica não consegue oferecer mais que isso. Não falem em amor ao clube, nenhum deles nasceu benfiquista. São dois jogadores que, enquanto vestiram o símbolo da águia, dignificaram o clube, deram sempre o máximo, jogaram bom futebol, nunca viraram a cara à luta e sempre honraram o Benfica. Dois excelentes profissionais que merecem mais. Boa sorte para ambos, obrigado por terem feito parte da história do meu clube. Substitutos? Ninguém é igual ao Javi ou ao Witsel. Temos Matic, que é lento mas tem uma enorme técnica, visão de jogo e poder de antecipação; Carlos Martins, que nunca devia ter saído, um enorme criativo; André Gomes, um puto que joga de cabeça levantada, corre, inventa linhas de passe, corre, remata, corre, corta ataques adversários, e corre; André Almeida, inventado a defesa direito por José Mota e médio da selecção sub-21, está em grande forma na B e fez uma grande época no Leiria; Miguel Rosa, uma promessa adiada pelo clube, criativo, lutador, enorme qualidade de passe, grande raça, atitude, um médio ofensivo goleador e inteligente.

Contudo, lamento mas... são quatro portugueses. Não me lixem, o Benfica apresenta três jogadores portugueses nas convocatórias. Portugal que, na última década, é das selecções mais fortes do Mundo. E nós damo-nos ao luxo de emprestar o melhor 9 português ao Deportivo e ficamos com o Kardec e o Cardozo no plantel, e ainda no ano anterior tinham dispensado três vice-campeões do Mundo. Isto é gozar com o patriotismo. Peço desculpa mas, antes de benfiquista, sou português. Para que raio serve o Seixal se não se aproveita ninguém? A alma benfiquista que falta no plantel existe, mas é escurraçada com um pontapé no cagueiro!

Posto isto, e lembrando a saída de Hulk, o Benfica precisa de muito para sair feliz desta temporada. Muitos extremos, poucos médios, nenhum lateral-esquerdo. Com o Nacional jogaram zero, valha-nos a raça do Maxi, a magia de Salvio e as fragilidades do adversário. O Benfica tem bons jogadores mas não consegue apresentar um onze que possa ir a Barcelona dar luta. Talvez me surpreendam, talvez o trio ofensivo (Cardozo, Lima e Rodrigo valeram 50 golos na Liga passada) resolva, talvez o JJ invente outra adaptação com o sucesso do Coentrão. Temos ataque para golear em metade do campeonato mas a falta de meio campo e as lacunas defensivas fazem-me ter medo da outra metade. Talvez consigam aguentar até Janeiro e aí contratam o tal lateral e com ele outro Javi ou Witsel. Talvez...


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Mentir ou distorcer a verdade é completamente diferente

Eu, por norma, tento ser responsável mas, em situações diversas e para um bem comum, sou daqueles que pensa em formas de fugir a ditas responsabilidades ou tarefas. Ou, simplificando, crio histórias e situações para escapar. O facto de eu não utilizar o termo "mentira" é ponderado pois raramente minto.

Vamos lá entrar no mundo de histórias e situações. Um sujeito, que, para evitar que me revejam nas situações aqui expostas, vou chamar Tó, está atrasado para o emprego. Uma chatice, é a terceira vez esta semana, o chefe fica chateado e coloca-o debaixo de olho. O Tó vai de carro e apanha a 2ª Circular, trânsito fluído e, de repente, trânsito cortado e lento com apenas uma faixa a circular. Houve um acidente entre dois veículos ligeiros. Chegado ao local da labora, o Tó dirige-se ao chefe e expõe a situação na sua versão: - Chefe, nem imagina. Vinha na 2ª Circular, trânsito lentíssimo, carros parados por todo o lado. Um acidente, mas uma coisa enorme. Contou-me um sujeito que, vinha um indíviduo lançado numa 600 e perdeu o controlo da mota e enfaixou-se num carro que por sua vez foi embater com um pesado de mercadorias. Um estrondo enorme, a estrada cheia de feijão enlatado e parafusos. Apenas uma faixa aberta para tanta gente. Pensei que ia lá ficar o dia todo. Entretanto, parei o carro e fui lá ver se precisam de ajuda. Havia mulheres a chorar e senhores a pensar nos estragos e nos seguros e nas chatices mas ainda consegui amenizar a situação e fiquei com o número de uma das senhoras, bem jeitosa, para o caso de conhecer um mecânico que possa ajudar a reparar o pára-choques. - Tudo tranquilo, o chefe acredita e o rapaz é aumentado por ser um cidadão à maneira.

Outra situação, o Tó, casado e a viver com a esposa, vai ao supermercado para comprar carne picada para o jantar. Chegado ao supermercado, não existe carne de porco picada em embalagem, a esposa não gosta de carne de vaca e a fila para o talho tem três velhotas. Para evitar demoras, até porque a esposa iria assumir de antemão que o Tó tinha encontrado uma mulher gostosa e espadaúda e tinha ficado no engate, o Tó pega numa caixa de entrecosto e vai para casa. Chegado ao lar, o Tó mete um ar descontraído, esconde o talão e diz, efusivamente: - Querida, nem imaginas. Lembrei-me que adoras entrecosto e estava uma promoção óptima que não pude resistir. Aqui temos umas tiras de entrecosto para meter no forno. (sentindo a pulsação da esposa a aumentar e os olhos a fugir para o preparado de molho de tomate e para o esparguete à espera da carne picada) Mas vai lá ver a telenovela que eu preparo o jantar. No final, se me deres um beijo, até lavo a loiça. Sabes como eu adoro cozinhar para ti. - Novamente, o Tó safa-se, a mulher fica toda contente, nem deixa que ele lave a loiça e arrasta-o para cima da mesa da cozinha para hora e meia de sexo louco e violento.

Numa última situação, vamos imaginar que o Tó termina mais um dia de trabalho, vai jogar à bola com os colegas e, após o banho, decidem-se por ir beber umas cervejinhas para um bar em frente ao campo onde a empregada é bem gira e costuma usar decotes apetitosos. O tempo passa, os copos vazios acumulam-se, os piropos para a simpática, e jeitosa, empregada acabam e o bar fecha. Cambaleando, o Tó e os amigos dispersam a caminho de casa. O Tó entra em casa, completamente embriagado, com o saco de desporto a tiracolo, a camisa mal abotoada, a braguilha aberta e um hálito capaz de embriagar um pequeno gato. À sua espera, a esposa e um rolo da massa. Calmamente, o Tó volta a usar o seu poder de argumentação: - Amorzinho, eu sei que não avisei que não vinha jantar mas eu embrulho e levo amanhã para o almoço, aposto que está maravilhoso como sempre. Sabes como são os rapazes, depois de uma futebolada vamos sempre beber uma água ao café do Xico. Mas hoje estava lá uma senhora, com cerca de 80 anos, que estava muito mal, a beber desalmadamente e a ingerir comprimidos com a bebida. Eu e os rapazes, receosos que a senhora se estivesse a tentar suicidar, ficamos a fazer-lhe companhia, a falar com ela, a explorar algo que lhe desse vontade de combater esse sentimento maléfico do suicídio. O problema é que, para conversar com ela, tínhamos de beber o que ela bebia. Ficamos todos podres de bêbados mas salvamos uma vida humana! - e, desta vez, não resultou muito bem. Na verdade o Tó é um primo meu que teve uns problemas ultimamente, a mulher pediu o divórcio, partiu-lhe dois dentes com um rolo da massa e ele agora está num manicómio a espumar da boca e a resolver puzzles para crianças de três anos. Tirando isso, não vejo porque alterar ligeiramente a verdade pode ser mentir...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Os supermercados arruinaram o meu namoro!

Queria escrever uma carta aos senhores dos supermercados porém, sou preguiçoso demais para ir buscar uma folha e uma caneta, depois teria de comprar um envelope, ir aos correios, comprar um selo, escrevinhar uma morada e dar seguimento às letras. Opto por escrever aqui estas linhas, na esperança que os senhores dos supermercados cheguem a ler.

Pois bem, não me venho queixar dos anúncios ao tema "regresso às aulas", até porque, sinceramente, ainda não tomei atenção a nada disso este ano, mas venho queixar-me dos recentes anúncios do Continente e do Intermarché. Muito rapidamente e resumidamente, eu sou um jovem adulto, recém-licenciado, esbelto e bonito, moro num apartamento a cair de velho juntamente com um amigo, e, ocasionalmente, vou às compras. Vou eu, vão os estudantes, vão os solteiros, vão os velhotes, vão os magros, vão os gordos, vão homens, vão mulheres, toda a gente vai às compras. Uma enorme coincidência. Ora, se vamos todos às compras, porque raio só vi anúncios para famílias hoje? Estou ligado à televisão desde as 19 e picos e só vi anúncios de supermercados para famílias. E todas iguais, um casal na casa dos trinta e um casal de crianças menores de 12 anos. Amanhã preciso de ir comprar carne para o jantar e um caixa de cotonetes e tenho dúvidas que me recebam bem no Continente ou no Intermarché, eles só vendem para famílias! E os solteiros? E os forever alone? Isto, meus amigos, é discriminação!

Daqui a uns meses, irei, hipoteticamente, conhecer uma top model e quando pensar em convidá-la a jantar lá em casa hei-de sussurrar, descontraidamente, "preciso de ir às compras para preparar um manjar dos deuses para uma deusa", e de imediato levo um chapadão no focinho que até fico a ver estrelas! "Afinal és casado e tens dois filhos, meu grande c*****!", dirá a top model, enquanto veste a lingerie sexy e entra no seu descapotável vermelho. Obrigado senhores dos supermercados por romperem assim o meu namoro com uma top model! E eu que já pensava numas férias no Algarve a beber caipirinhas e a ver o pôr-do-sol com uma top model...