sábado, 26 de janeiro de 2013

Rúben Faria, novo herói nacional (por breves instantes)

Rúben Faria, 38 anos, algarvio (cada vez sou mais orgulhoso por ter nascido neste Reino), piloto de motos, vice-campeão do Dakar2013.

Facto: a missão dele era ajudar Cyril Despres a vencer o seu quinto Dakar - missão cumprida.
Facto: liderou o Dakar e "perdeu" a liderança para o francês - profissionalismo.
Facto: queria terminar no top 5 - ficou em 2.º.
Facto: tivemos quatro pilotos portugueses no top 10 - em equipas estrangeiras com patrocinadores estrangeiros.
Facto: à chegada a Portugal todos os jornalistas conheciam Rúben Faria e estavam fãs à sua espera no aeroporto - à partida ninguém fez alaridos e só Hélder Rodrigues interessava.

Rúben Faria (11) ao lado de Despres (1).
Quando saí da Universidade tinha uma visão diferente de muitas coisas no mundo, uma visão mais elaborada, mais atenta, mais picuinhas. Passei a tomar mais atenção aos detalhes e aos pormenores, deixei de ter uma visão ingénua sobre o que acontece à minha volta. No desporto, esse mundo que tanto adoro, comecei a reparar em coisas insignificantes como a expressão dos desportistas, os movimentos, as suas acções, as suas decisões. Consigo adivinhar lances ou jogadas durante o desenrolar das mesmas. Ainda não consigo prever o futuro mas decerto que há seis anos atrás tinha um olhar diferente sobre as coisas. E também passei a reparar no público. Nos estádios de futebol, para puxar o exemplo mais típico do povo português, existem adeptos e grupos de adeptos ou claques que puxam pelas equipas e pelos seus ídolos (ou que simplesmente chamam nomes e insultam os árbitros mas isso agora não interessa). Porém, enquanto que em Inglaterra e na Alemanha, pelo que vejo na televisão por cabo, os adeptos puxam pelas equipas do início ao fim, em Portugal são as equipas que puxam pelos adeptos. Se a equipa está a jogar mal os adeptos adormecem mas se a equipa faz uma jogada fantástica ou marca um golo, o estádio ganha vida, um imenso ruído torna o ambiente fantástico e durante uns segundos parece que estamos a viver o jogo, depois tudo volta a acalmar.

Com o Rúben aconteceu a mesma coisa. Era apenas mais um a caminho da América do Sul mas a sua magnífica prestação cativou os olhos da imprensa e de um país, somou pódios, liderou a prova-rainha de todo-o-terreno e terminou na melhor classificação de um português na prova. À chegada a Portugal era o maior! Aproveitou para mostrar a sua humildade, ao dizer que a sua missão sempre foi ajudar o seu companheiro e que se fosse preciso parar para que Despres ganhasse, ele parava e cedia a vitória, e para deixar uma pequena mensagem ao país "três pilotos de motos no top 10 e nenhum patrocinador português". Como te percebo bem compatriota, como te percebo bem. Esta semana foi um herói, candidato a maior figura do desporto nacional, esteve naqueles quadradinhos das capas dos jornais que costumam ser dedicados aos filhos que dão tiros de caçadeira nos pais, 15 minutos de merecida fama e o público vai deixar de puxar por ele até que ele volte a puxar pelo público. Triste sina esta de nascer português. Mas o desporto motorizado português está bom e recomenda-se! Miguel Oliveira, no Moto GP, e Félix da Costa, na Fórmula 1, são as promessas que se seguem, atentem no que vos digo! Bom fim-de-semana amigos!

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