terça-feira, 22 de julho de 2014

O homem que não ficou para a história

Há uns tempos tive o prazer de ler uma obra de Jô Soares, um dos melhores humoristas brasileiros - uma espécie de Herman José e Jay Leno lá do Brasiú -, "O homem que matou Getúlio Vargas".


Pois bem, como é público, o ex-presidente do Brasiú suicidou-se. No entanto, Jô Soares soube criar um personagem que tinha tudo para ser um dos melhores assassinos da sua geração e que quase matou Getúlio Vargas. Muito resumidamente, o personagem principal da história quase despoletou a I Guerra Mundial, quase matou Franklin Roosevelt e esteve muito perto de matar Vargas. Fracassou sempre, com algumas trapalhadas pelo caminho. Para conhecerem as restantes peripécias, que incluem anões e mafiosos, é melhor mesmo lerem o livro. E estou a ser muito sério em relação a isto - anões, contorcionistas, assassinos, anões assassinos e contorcionistas, gajas boas!

Bem, o personagem passou ao lado de uma grande carreira e senti empatia com ele. Se fosse no cinema, ele ia matar toda a gente e salvar a sua família de um gangue de criminosos. Porém, Jô Soares não teve essa compaixão para com o pobre coitado e, página após página, continuou a gozar com a sua falta de sorte. Infelizmente, esta obra nunca será um best-seller, nunca irá valer um prémio Nobel nem tão pouco será adaptada ao cinema. Para isso precisava de mais explosões e histórias de amor. O personagem de Jô Soares é um bandido que sabe manejar espadas e fazer bombas artesanais mas que nunca verá um poster seu no quarto de um adolescente revoltado - bem ao lado de um poster dos One Direction e de um post-it a dizer "A minha vida é uma merda"!

Eu gostei e recomendo. Obrigado Jô!

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