terça-feira, 29 de maio de 2012

Um nada que é tudo

Sou um rapaz de impulsos. Querem uma prova? Não tenho absolutamente nada de interesse ou de relevo que mereça ser gatafunhado num texto em forma de prosa que dê para saborear à luz de um candeeiro a petróleo numa cabana à beira-mar, contudo, munido de uma dezena de dedos que vou atirando rebuscadamente contra um teclado de um qualquer portátil por mim comprado numa loja com promoções capazes de agradar ao próprio Tio Patinhas, insisto em cravejar nesta página a que chamam blogue um conjunto de letras e palavras que se unem em torno de uma pontuação, quiçá mal utilizada, e cujo resultado será um redondo e vazio nada.

E sobre o "nada" posso dizer tudo, porque dizer nada é dizer tudo, porque não ter nada é ter tudo, porque o nada é o infinito e até o vazio que preenche o infinito é um tudo. Ou um tudo ou nada. Filosoficamente não me apetece dizer nada. Que me perdoe o meu único professor de Filosofia que "aturou" os meus paradoxos existenciais (uma boa pessoa mas cuja relação aluno-professor foi um nada de azeda) mas não hei-de filosofar. Não digo nunca porque isso é o mesmo que dizer nada, irá obrigar a que um dia me contradiga, mesmo sem me aperceber e se me aperceber ficarei a filosofar sobre o facto de ter afirmado que nunca iria fazer algo que fiz e que me leva a fazê-lo uma vez mais para perceber porque o fiz. É estranho, e julgo que o pequeno filósofo que existe em mim, ou talvez seja apenas o meu neurónio Teco a jogar à macaca, acha que devo parar por aqui. No entanto, existe aquela questão do nada que é tudo e, portanto, não posso deixar nada para trás com medo de estar a deixar tudo. Seria clichê pegar nos mandamentos masculinos que ensinam que quando uma mulher diz "nada" se refere a "tudo", seria mas não é. Possivelmente é das maiores verdades absolutas: o nada é uma farsa. Mas que raio é o nada?

Neste mesmo momento estou a pensar em nada e num segundo milhões de imagens e palavras se cruzam no meu pensamento. Tanta vez nos perguntam em que estamos a pensar e respondemos "Em nada", quando na verdade estamos a pensar em tanta coisa que a resposta correcta não seria "Em nada" mas sim "Em tudo", apenas não conseguimos entender em que tudo ou nada estamos a pensar. Sei apenas que a matemática é uma ciência exacta e que tudo o resto pode ser tudo. Se calhar podia alterar o nome do meu blogue para "Uma fatia de pão, um copo de vinho e um pouco de nada" mas agora já é tarde não me apetece fazer nada.

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